Pacotão volta às ruas de Brasília ironizando fatos e figuras do país

12/02/2013 - 19h08

Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Sem decepcionar os foliões que o acompanham há 35 anos, o Pacotão encerrou hoje (12) sua participação no carnaval 2013, levando crítica política, ironia e bom humor às ruas de Brasília. Os pacoteiros repetiram o cortejo do último domingo (10), desfilando pela contramão da W3, uma das principais avenidas da capital. A contramão faz jus ao tom contestador dos criadores do bloco, jornalistas inconformados com o regime militar então vigente.

O jipe abre-alas levava um boneco negro, de toga e peruca branca. “As pessoas, a imprensa, estão confundindo tudo, esse é o Charles Pretto, o dono do Pacotão. Joaquim Barbosa foi aluno dele”, explica Wilson Red, um dos coordenadores do bloco. “Viu que tem um dente de ouro? O ministro não tem um dente de ouro”, completa, encerrando o mal-entendido.

Segundo Red, o boneco é apenas um retrato falado, pois Pretto nunca foi visto. Mesmo assim,  comanda tudo de longe, e “exigiu sair em um carro bonito porque não ia desfilar a pé”. Próximo ao boneco, as tradicionais faixas traziam referências a políticos e a figuras conhecidas, como o apresentador de televisão Pedro Bial.

O tom irônico também estava nas marchinhas executadas em som mecânico, à frente do bloco, e por uma banda com 38 músicos que seguia logo atrás. Além das músicas tradicionais de carnaval, os foliões dançavam ao som de composições próprias do Pacotão, que lembravam o mensalão, o mascote da Copa, tatu-bola Fuleco, o pibinho do Brasil e outros personagens e fatos do momento atual do país.

Mesmo sem entender todas as mensagens do bloco, Francisca Abrantes, 63 anos, disse ter gostado  do desfile, que conheceu neste ano. Ela aproveitou uma folga na padaria onde trabalha para sair com as amigas e levar o neto Lucas, de 9 anos, para brincar o carnaval. Logo à frente, entusiastas do movimento GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) se abraçavam animados.

Fechando o desfile, um barco de pesca de alumínio despertava a curiosidade dos retardatários. O capitão se apresentou como Julio Mug, assessor parlamentar aposentado ainda em atividade na Câmara dos Deputados. Estava acompanhado de diversas moças, as sereias, e disse que sua Arca de Noé não servia para crítica política e sim para arrumar namoradas. "Ano que vem venho de lancha", garantiu.

Edição: Graça Adjuto

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