Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Com a volta às aulas, os pais de crianças em idade escolar começam a se preocupar com uma das principais despesas do mês de janeiro: a compra do material de ensino. No principal centro de comércio popular da capital paulista, a Rua 25 de Março, a movimentação nos primeiros dias do ano já era intensa, sobretudo de pais em busca de bons preços para produtos de papelaria.
Para os comerciantes, é um bom período de vendas. Ondamar Antônio Ferreira, gerente de um armarinho da 25 de Março, que vende também material escolar, diz que começou a trocar as mercadorias em estoque logo após o Natal. “No dia 26 [de dezembro], já viramos tudo para o material escolar. De lá pra cá, a loja está bem movimentada, e isso deve continuar até 10 ou 11 de fevereiro”. Ondamar espera vender em torno de 8% mais que no início do ano passado.
Negociar descontos na hora da compra é a recomendação que a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo (Procon) faz aos pais. “O pagamento à vista é uma forma de barganhar, de conseguir algum desconto. A compra em grande quantidade também pode trazer mais benefícios para o consumidor nessa questão do desconto”, diz a assistente técnica do Procon-SP Maíra Feltrin Alves.
Segundo Maíra, uma forma de conseguir abatimento de preço dos itens do material escolar é juntar um grupo de pais. Pela compra comunitária, é possível conseguir produtos diretamente de fornecedores no atacado ou em papelarias, livrarias e editoras que aceitem negociar lotes em grande quantidade. “Essa é uma das dicas que o Procon dá aos consumidores.”
Ondamar, por exemplo, diz que dá desconto de 5% para grupos de pais, desde que gastem mais de R$ 300. “Para mim, já é um pequeno atacado e dá para motivar as vendas dessa forma.”
A pesquisa de preços é outro instrumento que deve ser usado pelos consumidores. Levantamento feito pelo Procon entre 19 e 21 de dezembro verificou diferença de 258,49% entre duas lojas no preço de um apontador de lápis. Ele custava R$ 1,90 em uma loja do centro e R$ 0,53 em outro da zona leste da capital.
Enquanto comparava preços entre três lojas diferentes, a funcionária pública Nislei Oliveira, de 32 anos, constatou grande diferença no preço de uma conjunto de canetinhas coloridas incluído na lista de material escolar. “Comprei por R$ 16, mas vi em outra loja por quase R$ 30.”
Nislei, que comprava material para um filho de 4 anos, observa que reaproveitar produtos é outra forma de economizar. “Alguns itens [da lista] são os mesmos do ano passado, e eu recebi de volta no fim do ano e percebi que meu filho não usou tudo. Então, alguma coisa eu vou reaproveitar. Isso é importante para diminuir o custo, porque [o material escolar] está muito caro.”
A auxiliar de administração Jussara Pio Moreira, de 40 anos, pretende negociar com a escola da filha de 6 anos. “Pediram quatro caixas de lápis de cor com 12 cores. Vou comprar duas agora e sugerir que em julho, no meio do ano, eu compre mais duas. Porque comprar quatro no início do ano estoura um pouco o orçamento”, reclama.
Além de buscar o melhor preço, os pais precisam ficar atentos à qualidade dos produtos. Sandra Maniatakis, de 40 anos, escolheu o material escolar das duas filhas com cautela. “Como sou professora, sofro muito com a qualidade do material que os pais compram. Muitas vezes, eles levam o mais barato, e aí eu tenho que pedir reposição. Por isso, prefiro pegar um material melhor, de qualidade, para que dure o ano inteiro.”
Outra armadilha para os pais é atender aos pedidos de crianças que querem produtos com desenhos de personagens e com logotipos, geralmente mais caros. Acompanhada das duas filhas, Larissa Maniatakis, de 6 anos, e Mariana Maniatakis, de 12 anos, Sandra tentava evitar esse tipo de compra. “Deixo elas escolherem a capa do caderno. As outras coisas, eu vejo o que é melhor.”
De acordo com Ondamar, os produtos de maior saída nesta época do ano são, de fato, cadernos com personagens e marcas licenciadas.“Os cadernos são, com certeza, a linha de frente da papelaria”. Cadernos que têm capas com atores de novela, ou com jogadores como Neymar são os mais procurados. “É um apelo e um incentivo. Para nós, é maravilhoso. Acho que o lojista já cria essa situação justamente para isso, para motivar as vendas”, admite o gerente.
Edição: Nádia Franco
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