Térmicas deveriam ter sido ligadas mais cedo, diz diretor do Coppe-UFRJ

09/01/2013 - 21h18

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Na avaliação do diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) deveria ter determinado que as termelétricas do país fossem ligadas um pouco mais cedo e não em outubro, como ocorreu.

Em entrevista à Agência Brasil, Pinguelli Rosa disse que se isso tivesse ocorrido, talvez hoje a situação dos reservatórios estivessem em melhores condições e houvesse mais água disponível para gerar energia, pois haveria uma economia da água gasta pelas usinas hidrelétricas para produzir eletricidade.

“O que eles deveriam ter feito era ligar as térmicas com mais intensidade um pouco mais cedo e não em outubro [do ano passado] como acabou ocorrendo. Se tivessem feito isso, ligado mais para o meio do ano, talvez a situação dos reservatórios hoje estivesse mais comoda, menos vazios”.

Pinguelli concordou com o ministro Edson Lobão, de Minas e Energia, que afastou hoje a possibilidade de que venha a faltar energia elétrica no país. “O ministro não deixa de estar certo. É difícil faltar energia porque, ao contrário de 2001 [quando aconteceu o último blecaute] hoje eles contam com a alternativa das termelétricas e elas estão operando a pleno vapor. Com isso eles [o governo] conseguem atender à demanda e encobrir os problemas - a deficiências decorrentes dos reservatórios baixos”, disse.

Na avaliação do professor da UFRJ, embora a situação ainda seja crítica, pois os reservatórios estão muito baixo e tudo tem um limite, a tendência é que a partir de agora a probabilidade maior é que comece a chover mais forte nos reservatórios pelo menos até abril - e com isso haverá um alívio para a situação dos reservatórios.

Com relação ao desconto de 20% da conta para os consumidores residenciais e comerciais, confirmado pelo ministro, Pinguelli disse que, teoricamente, esse percentual não será mais possível de ser concedido e que deveria cair para cerca de 16%.

“Nem todas as usinas aderiram à proposta da medida provisória que trata do assunto, como por exemplo a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Companhia Paranaense de Energia (Copel) - e são usinas importantes. Mas é uma conta em que eles [o governo] podem muito bem forçar [a queda dos preços]. Eles tem dinheiro do Tesouro e, além disso, outras medidas, como descontos maiores de encargos ou a retiradas de outros. É uma conta que o governo sempre pode forçar e fazer”.

Apesar do otimismo de Pinguelli em relação a possibilitar de chuva forte, na maioria das regiões, e em particular no Sudeste e Centro-Oeste - que responde por mais de 60% da energia consumida no país - , a Curva de Aversão ao Risco (CAR) está em cima do limite mínimo desejado.

As represas das usinas das duas regiões, que compõem o subsistema Sudeste-Centro-Oeste, está hoje em 28,32% de sua capacidade. Esses reservatórios  respondem por 70% da capacidade de produção de energia hidrelétrica no país. Os níveis dos principais reservatórios das usinas hidrelétricas do Nordeste do país também continuam em queda, segundo dados disponibilizados na página do Operador Nacional do Sistema Elétrico.

No Nordeste, os reservatórios tiveram uma queda de quase meio ponto percentual em apenas um dia, passando de 30,64% na segunda-feira, para 30,20%, na terça. Também houve redução no Norte e somente no Sul houve recomposição das reservas, com o nível da água subindo de 41,36% para 43,40%, de segunda para quarta-feira.

Edição: Fábio Massalli