Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O governo deveria postergar as metas de reduzir em 16% o custo da energia elétrica para os consumidores, segundo o professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da Universidade de São Paulo (USP), Edmilson Moutinho dos Santos. De acordo com ele, a atual situação dos reservatórios das usinas hidrelétricas não exige um aumento nas tarifas, no entanto, não permite redução dos preços.
“O governo recusou-se lá [no apagão de 2001] a aumentar o preço da energia para diminuir o consumo. Lá se falava de 'tarifaços', o governo achou aquilo politicamente incorreto e não quis comprar essa briga de aumentar o preço da energia e tentar segurar o consumo”, disse em entrevista à Agência Brasil. “Hoje talvez seja ainda precipitado de falar sobre algum tarifaço com o mesmo viés. Mas certamente não é precipitado, e já estamos atrasados, em chegar claramente na televisão e dizer que a promessa de [redução de] 20% no preço da energia foi postergada”.
A meta do governo de reduzir o preço da energia, segundo o professor, pode fazer com que se aumento o consumo e agrave a situação das reservas energéticas. “Não dá para você falar para as pessoas serem racionais no uso da energia e depois dizer que vai cortar o preço em 20%. Isso não existe”, disse.
No caso de as chuvas não chegarem com intensidade suficiente para voltar a encher os reservatórios, Moutinho defende que, eventualmente, como plano de emergência, o governo poderia acelerar a entrada em funcionamento de novas usinas hidroelétricas e a contratação de usinas termoelétricas a óleo.
De acordo com a Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível dos reservatórios no subsistema Sudeste/Centro Oeste é hoje de 28,9% – o mais baixo para os meses de janeiro dos últimos 12 anos – menor do que o verificado no mesmo mês de 2001, quando houve o último racionamento de energia elétrica no país.
A Companhia Energética de São Paulo informou que seus reservatórios estão baixos. Em Ilha Solteira o nível está em 47,23%; em Três Irmãos, 56,81%; Jaguari, 48,73%; e Paraibuna, 38,17%. As usinas Porto Primavera e Jupiá são usinas a fio d´água e seus reservatórios não são de acumulação.
Edição: Fábio Massalli