Mutirão recolhe lixo acumulado em três meses de coleta irregular em Duque de Caxias

28/12/2012 - 16h17

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Cerca de 10 mil toneladas de lixo devem ser retiradas das ruas do município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, até a próxima segunda-feira (31). Depois de  três meses de coleta irregular, que resultou em lixo acumulado e mau cheiro por toda a cidade, um mutirão de moradores e empresários foi organizado para limpar a cidade a partir de hoje (28).

Máquinas e equipes das áreas de saúde e defesa civil do governo do estado reforçaram o grupo de 160 voluntários que se uniram para limpar as ruas. Cento e cinquenta varredores da empresa que fazia a limpeza da cidade, mas pararam de trabalhar por falta de pagamento, foram acionados. Eles serão pagos por empresários, que também contrataram 80 caminhões para tirar o lixo das ruas do cidade.

“Tudo quanto é lugar que você passa aqui é lixo. Com esse calor, o cheiro piora. É mosca-varejeira, é rato, barata. Ninguém aguenta”, disse  Marjuran Santos, morador da cidade.

Palco de protestos pela interrupção na coleta de lixo, a Praça Roberto Silveira, no centro, foi uma das primeiras áreas limpas hoje. O atendente de uma lanchonete da praça Antônio de Jesus destacou que a situação era deplorável. “Tinha rato, lacraia e mosca no meio do lixo. A praça estava soterrada e agora está melhor, dá até para respirar.”

Em outro ponto da cidade, a zeladora Rita Elmes aguardava, ansiosa, o caminhão de lixo. “Cheguei de manhã, e o lixo estava aqui na porta, joguei para lá, não tem onde botar. E entrando bicho. Esse sofá esta aí há 15 dias”, disse ela, ao liberar a saída do condomínio, tomada por lixo.

Para se livrar dos animais atraídos pela falta de limpeza, moradores vinham queimando montes de lixo na frente das casas.

No dia de Natal (25), dois carros estacionados ao lado de um depósito de gás pegaram fogo. Os veículos estavam na oficina de Gerônimo Júlio Rocha, que moverá uma ação na Justiça contra a prefeitura de Caxias para poder indenizar os clientes. “Pegou fogo nos carros por causa do lixo. Quase pega no que está dentro da oficina. Imagina se pega no depósito de gás? Nem ia sobrar ninguém aqui.”

A prefeitura de Caxias diz que o problema foi causado pela interrupção do transbordo e transporte do lixo para o município de Seropédica. Com o fechamento antecipado do lixão de Gramacho, em Caxias, de dezembro para abril, “o planejamento foi desarmado”, informou, em nota, a prefeitura. A situação se agravou com o aumento do lixo no fim de ano de 1,2 mil toneladas para 2 mil por dia.

Por causa da interrupção na coleta, causada pela quebra de contrato com a empresa que fazia o serviço, a Secretaria Estadual do Ambiente multou o governo municipal em mais de R$ 1 milhão. O prefeito atual, José Camilo Zito, também foi responsabilizado pessoalmente pela Justiça Estadual, que aplicou contra ele multa diária de R$ 50 mil até a coleta ser normalizada.

De acordo com a assessoria do prefeito eleito de cidade, Alexandre Cardoso, que coordena o mutirão emergencial, a coleta de lixo será regularizada entre 40 e 60 dias. Cardoso tomará posse no dia 1º de janeiro.

A preocupação agora é informar a população caxiense sobre as doenças que podem ser transmitidas pela urina de ratos e pelas moscas, principalmente se chover nos próximos dias. Para ajudar a população a identificar os sintomas dessas doenças, a  Secretaria Estadual de Saúde distribuiu panfletos por toda a cidade.

 
Edição: Nádia Franco