Paes diz que demitirá médico que faltou a plantão e deixou de atender menina baleada no Rio

26/12/2012 - 21h21

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), informou hoje (26) que demitirá o neurocirurgião que faltou ao plantão e deixou de atender a uma menina baleada na cabeça na noite de Natal. Ele disse que pretende adotar o controle biométrico de trabalhadores em todos os hospitais administrados pelo município.

Segundo Paes, o controle biométrico será determinado no início de janeiro e os hospitais terão seis meses para se adaptarem à exigência. Em relação à demissão do profissional, o prefeito defende a abertura de inquérito para que o médico seja processado criminalmente pela ausência.

“Vou demitir esse médico, que é um irresponsável. Ninguém pode estar escalado para um plantão e simplesmente não aparecer”, disse Paes. “Acho até que ele tem de responder criminalmente por sua ausência.” A defesa do médico alega que o profissional não compareceu ao trabalho porque havia pedido demissão no dia do plantão. No entanto, a Secretaria de Saúde do município informou que o médico não chegou a apresentar nenhum requerimento formal de desligamento.

Na madrugada de ontem (25), a garota Adrielly dos Santos Vieira, 10 anos, aguardou por oito horas por atendimento médico no Hospital Municipal Salgado Filho depois de ter sido baleada na cabeça em uma favela da zona norte do Rio durante as comemorações de Natal. A demora ocorreu porque o único médico escalado para a noite, o neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves, havia faltado ao plantão.

A criança está internada na unidade de terapia intensiva (UTI) do hospital em estado grave. O médico será investigado por omissão de socorro pela Polícia Civil, pelo Ministério Público Estadual e pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj).

O prefeito desqualificou a declaração do Sindicato dos Médicos do Rio, que atribuiu a demora do atendimento à falta de profissionais na rede pública de saúde. “O sindicato [dos médicos] já começa com suas teses corporativistas para proteger esse delinquente. Esse médico é um irresponsável que merece pagar e tem de ser punido pelo que fez”, disse.

O prefeito deu as declarações ao chegar para reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para discutir a ampliação do limite de endividamento do município do Rio de Janeiro. No próximo mês, a prefeitura iniciará negociações com o Tesouro Nacional para poder contratar mais empréstimos no sistema financeiro.

Edição: Fábio Massalli