EPE contesta Firjan e diz que não haverá racionamento de energia e gás no país

19/12/2012 - 19h19

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O presidente da Empresa de Pesquisa  Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim, descartou hoje (19) possibilidade de racionamento de energia no Brasil nos próximos dias. O alerta para o risco de desabastecimento de energia elétrica e de gás até o final deste ano e o início de 2013 foi feito pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), em nota encaminhada  aos sindicatos associados.

A Firjan levou em consideração as condições atuais de geração hidrelétrica e térmica. Tolmasquim considerou  uma “grande irresponsabilidade” da Firjan  fazer uma nota nesse teor, “porque nós estamos no início do período úmido, as chuvas ainda vão chegar e, ao contrário do passado, temos termelétricas [para acionar]”.

O presidente da EPE informou que estão sendo geradas por meio de usinas térmicas 13,5 mil megawatts (MW) de energia. “E, se precisar, ainda podemos despachar um pouco mais”, afiançou, falando à Agência Brasil. Ele esclareceu que as usinas térmicas são uma espécie de seguro que é pago para ser acionado no momento necessário. “Não tem razão para isso”, disse, referindo-se à nota da Firjan.

A Firjan informou também que solicitou ao Ministério de Minas e Energia que esclareça qual é a avaliação real da situação e quais as medidas que pretende tomar para garantir a continuidade do fornecimento dos dois insumos, de modo que o crescimento do país não seja afetado.

O fato foi negado pelo presidente da EPE. “Eles (Firjan) não falaram com o governo. Não chegou nenhum pedido para a gente e foram para a imprensa, não sei com que objetivo. É estranha a atitude deles. Se estavam com alguma dúvida, bastava marcar uma reunião que a gente esclareceria”. A divulgação da nota  criou, segundo Tolmasquim, um pânico desnecessário, “porque a situação está sob controle”.

Segundo argumentou o gerente de Competitividade do Sistema Firjan, Cristiano Prado, o nível dos reservatórios está muito baixo. Ele disse à Agência Brasil que há apenas 29% de água retida nos reservatórios das usinas hidrelétricas do Subsistema Sudeste/Centro-Oeste. “O nível está muito abaixo da média histórica e dos anos anteriores”. Isso significa, disse, que não há muita margem de manobra para aumentar a geração hídrica.

De acordo com a Firjan, o nível dos reservatórios superava 60% em dezembro do ano passado e hoje caiu à metade, atingindo 29,8%. O gerente acrescentou que a previsão de chuvas não está se concretizando e não há perspectiva de que os níveis vão subir.

Cristiano Prado lembrou que, além disso, o Brasil está complementando a necessidade de energia com a geração de energia térmica a gás. “E a quantidade de gás no Brasil é limitada. Temos hoje  um problema de cobertor curto”, definiu.

Para ele, o país não pode aumentar a quantidade de geração de energia térmica porque todas as usinas termelétricas foram acionadas, e não há como aumentar  a geração de energia hidrelétrica porque isso reduziria o nível dos reservatórios. “O resultado disso, na nossa avaliação, é que a gente está na antessala de um racionamento de um ou de ambos os insumos”, alertou.

O gerente do Sistema Firjan avaliou que um eventual racionamento de energia elétrica se espalharia por todo o Brasil, levando as indústrias a diminuírem a produção, “o que seria uma coisa péssima para o país e para a nossa competitividade”.

De outro lado, se ocorrer uma limitação no fornecimento de gás, as indústrias vão ter que reduzir a produção dos insumos que demandam gás, ou mesmo diminuir a quantidade de geração térmica no seu processo produtivo. Por último, Prado disse que o desabastecimento de gás pode significar aumento de custos para a indústria nacional.

Edição: Davi Oliveira