Soja amortiza queda das exportações prevista para 2013 pela AEB

18/12/2012 - 20h24

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Os altos preços dos produtos derivados da soja e o aumento da quantidade de soja exportada, na avaliação da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), vão amortizar a queda prevista para a balança comercial brasileira, em 2013. De acordo com os números projetados pela AEB, as exportações deverão alcançar US$ 239,69 bilhões no ano que vem, com diminuição de 1,1% em relação ao esperado para este ano (US$ 242,48 bilhões).

“Pela primeira vez, ele [complexo soja] vai passar a ser o principal item da pauta de exportação do Brasil. A soja vai amortizar essa queda”, disse hoje (18) à Agência Brasil o presidente da AEB, José Augusto de Castro.

Para as importações, a estimativa é atingir US$ 225,07 bilhões, com aumento de 0,4% em comparação aos US$ 224,21 bilhões estimados para 2012. O pequeno aumento foi atribuído por José Augusto de Castro ao petróleo e seus derivados, cujas importações foram efetuadas este ano mas que, devido a um “descontrole”, não foram registradas no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) e deverão ser computadas no próximo ano. “Isso é que vai provocar o aumento no final das importações, porque praticamente todos os itens – bens de capital, matérias-primas, tudo tem queda”.

Segundo a AEB, o cenário decorrente da crise econômica internacional ainda é de grandes volatilidade e incerteza. “Para o comércio exterior brasileiro, o cenário mudou para pior”, disse Castro. Entre os fatores que vão nessa direção, está a decisão de não prorrogar o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), bem como a redução da taxa de câmbio, já acenada pelo Banco Central, para não comprometer a inflação. “Isso vai dificultar a exportação de manufaturados em um cenário que já é difícil”.

A concorrência com a China deverá acirrar mais essas dificuldades, admitiu o presidente da AEB. A entidade avalia que o Brasil está perdendo mercado para o produto chinês na América do Sul, especialmente para a Argentina. As exportações brasileiras para a Argentina vão cair este ano 20%, enquanto as da China cairão, “no máximo”, 3%, disse. A diferença de queda de exportação para a Argentina está sendo ocupada pela China. “Nós estamos perdendo mercado”.

Para tentar melhorar o comércio exterior em 2013, a AEB recomenda que o Brasil faça o dever de casa, ou seja, reduza os custos de infraestrutura, tributário, financeiro e de burocracia. “O caminho nosso é longo, não tem resultado imediato”, admitiu Castro. Destacou que entre o anúncio de medidas feito recentemente pelo governo na área de portos, ferrovias e rodovias, por exemplo, e a execução, “sempre demanda um tempo”. Para ele, nada vai acontecer em 2013. “Mas enquanto não começarmos, nós vamos ter um custo muito alto e a taxa de câmbio é apenas uma tentativa de compensar o custo alto”.

De acordo com a projeção da AEB, o saldo comercial em 2013 ficará em US$ 14,620 bilhões, o que significará retração de 20% em relação ao superávit estimado para 2012 de US$ 18,27 bilhões.

Na primeira previsão da AEB para 2012, feita em dezembro de 2011, as exportações foram estimadas em US$ 236,58 bilhões. A revisão feita em julho passado apontou ligeira alta, para US$ 237,07 bilhões. Agora, de novo sobem as expectativas para as vendas brasileiras no comércio mundial, somando US$ 242 bilhões, no próximo ano.

José Augusto de Castro explicou que o movimento de alta foi capitaneado pela soja. “Como houve uma queda da produção do produto de 9 milhões de toneladas, todas as projeções era que haveria uma queda de pelo menos 3 milhões de toneladas na exportação. Na verdade, não houve essa queda e o preço estava mais alto. Com isso, nós tivemos um aumento de exportação de soja que não era previsto”.

Ele lembrou que no lado das importações, a expectativa no final do ano passado era ter, em 2012, um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,5%. Além disso, a taxa de câmbio estava em torno de R$ 1,70. Durante o ano, entretanto, ocorreu aumento da taxa cambial, o PIB deverá crescer menos, cerca de 1%, a demanda começou a reduzir no mercado interno e o consumo das famílias se encontra ”bem comportado”, ressaltou.

Esses fatos, segundo Castro, contribuíram para que as projeções de importações caíssem de US$ 233,54 bilhões, na primeira previsão da AEB para 2012, para US$ 224,21 bilhões, na estimativa inicial para o próximo ano.

 

Edição: Aécio Amado