Rio tem atividades e palestras para incentivar diagnóstico precoce do câncer infantil

23/11/2012 - 11h17

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Para marcar o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, comemorado hoje (23) hospitais, institutos e entidades promovem na cidade uma série de ações pela promoção do diagnóstico precoce.

A iniciativa é fruto da política pública Unidos pela Cura, adotada há oito anos por todos as instituições envolvidas na promoção do diagnóstico precoce e no encaminhamento e acolhimento de crianças com câncer no estado.

Roberta Marques, diretora do Instituto Desiderata, uma das entidades que integram a rede Unidos pela Cura, acredita que o maior desafio é a capacitação de pediatras e agentes de saúde para diagnosticar precocemente a doença.

“Apesar de o câncer infantil ser a doença que mais mata crianças, ela é um pouco rara e os sintomas se confundem com os de outras doenças. É preciso trabalhar a capacitação para que os médicos suspeitem que aquele sintoma [seja de] câncer. Acho que esse é o principal caminho”, comentou. “Há também alguns gargalos na realização de exames e diagnóstico, há filas de espera, mas o Rio tem avançado muito nesse sentido”.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer infantojuvenil é a primeira causa de morte por doença na faixa entre 5 e 19 anos. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado aumentam as chances de cura para até 80% dos casos, informou Roberta.

Além de atividades lúdicas com as crianças internadas e de palestras, a programação inclui a formatura de 800 profissionais da área de saúde, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, dentistas e agentes comunitários de saúde, que foram capacitados para suspeição precoce do câncer infantojuvenil.

Segundo a chefe da Hematologia do Hemorio, Cláudia Máximo, nos últimos anos houve melhorias visíveis no atendimento e na estrutura hospitalar para o diagnóstico, desde a criação da Unidos pela Cura, mas ainda faltam vagas para crianças com câncer, pediatras capacitados para o diagnóstico precoce, hematologistas pediátricos, dados estatísticos sobre esse grupo e várias outras carências na rede de saúde.

“O mecanismo de encaminhamento das crianças para os centros de diagnóstico ainda está muito incipiente, a demora para se conseguir fazer exames de imagem é um problema sério também, sobretudo, para os tumores do sistema nervoso central, mas temos mais aparelhos hoje do que há cinco anos”, diz a médica.

Outras questões que preocupam os participantes da rede Unidos pela Cura são o acesso ao tratamento e a humanização dele. Entretanto, dados divulgados pelo Desiderata mostram que a maior participação das unidades de saúde da atenção primária vem contribuindo para aumentar o diagnóstico precoce no Rio de Janeiro.

Roberta Marques lembrou que a participação da sociedade civil tem sido uma aliada na luta pelo diagnóstico precoce, no apoio à Secretaria de Saúde, na capacitação de profissionais da Estratégia Saúde da Família e na compra de equipamentos a partir de doações aos hospitais públicos especializados no tratamento ao câncer infantojuvenil no Rio.

“O Instituto Desiderata também investe na qualidade do tratamento e, desde 2007, temos humanizado algumas salas. Por exemplo, decoramos uma sala de exames de tomografia com o tema de submarino. A ideia é que a criança tenha um acolhimento mais apropriado à sua idade para que ela sofra menos e tenha menos rejeição para o tratamento de quimioterapia, que é longo”, comentou.

Edição: Tereza Barbosa