Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Uma operação em todo o estado de São Paulo, envolvendo 25 mil agentes de saúde, vai tentar evitar uma epidemia de dengue durante o próximo verão. De hoje (19) até sexta-feira (23), os agentes vão visitar casas, serão feitos mutirões de limpeza para destruir os criadouros do mosquito Aedes aegypti, além de campanhas educativas.
Na capital paulista, 50 agentes da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) e funcionários da prefeitura devem visitar as casas nas áreas de maior risco ou que apresentaram alta transmissão para orientar a população e destruir os criadouros. Na Grande São Paulo, os casos caíram de 8,1 mil, de janeiro a outubro de 2011, para 2,1 mil no mesmo período deste ano.
“A capital não teve transmissão importante, [tendo em vista] o potencial pelo número de pessoas e complexidade da região”, avaliou Antônio Henrique Alves Gomes, diretor técnico da Sucen.
As atividades foram programadas, continuou o diretor, para o período anterior ao de maior incidência da doença, entre março e abril, como forma de prevenção da epidemia. “Nesta época do ano, de novembro até dezembro, a gente já consegue ter uma definição se o ano vai ter uma transmissão importante ou não. Quanto mais cedo começa a transmissão, maior é o número de casos no ano”, explicou.
Para este verão, segundo ele, as perspectivas são de aumento na incidência da doença. Algumas razões são a infestação mais alta no inverno do que a observada nos anos passados e a mudança nas gestões municipais, pois, em algumas cidades, a troca de prefeito acaba por interromper o trabalho de visita às casas feitas pelos agentes municipais.
Outro fator que pode elevar o número de doentes é a circulação do sorotipo 4 da dengue, que teve início em 2011 no estado. Os sintomas desse tipo de vírus é o mesmo dos outros sorotipos. No entanto, Antônio Gomes explica que, como ainda não foi registrada uma epidemia causada pelo sorotipo 4, a população está desprotegida. “Quando você contrai dengue por um sorotipo, você fica imunizado contra ele. Quem teve dengue tipo 1, nunca mais vai pegá-la, só os tipos 2, 3 ou 4.”
Desta forma, como os sorotipos 1, 2 e 3 são os mais comuns no estado, a população já tem imunidade. “A gente tem um histórico de dengue de mais de 20 anos no estado. Os três sorotipos já circularam em praticamente todas as regiões, boa parte da população é protegida contra eles,” explicou o diretor.
No comparativo entre as regiões paulistas, a maioria dos municípios conseguiu reduzir a incidência da dengue. As únicas exceções foram Araçatuba - onde os casos da doença subiram de 785, entre janeiro e outubro do ano passado, para 1,3 mil no mesmo período deste ano - e a Baixada Santista, que registrou mil casos, contra 663 em igual período do ano passado. “Elas [cidades da Baixada Santista e Araçatuba] não reduziram porque tiveram em 2011 um número muito baixo [de casos]. Se você olhar aqueles dados de 2011, é uma transmissão pequena, dado a importância dessas regiões”, disse .
Em todo o estado, a quantidade de infectados tem caído. Este ano, foram cerca de 21 mil casos, 76,5% menos que os registrados em igual período de 2011, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Durante 2010, 189,3 mil pessoas tiveram a doença.
Ribeirão Preto é uma regiões que necessitam de atenção, onde 24,4 mil pessoas tiveram dengue entre janeiro e outubro de 2011, quantidade três vezes superior à da Grande São Paulo, que registrou cerca de 8 mil infectados. “O oeste [paulista] tem condições climáticas que favorecem a proliferação do mosquito.” .
As cidades com temperaturas mais elevadas, como Ribeirão Preto, contribuem para a transmissão da dengue, pois o calor diminui o tempo de postura dos ovos até o desenvolvimento do mosquito adulto, acelerando a proliferação do Aedes aegypti. Nas regiões mais quentes, o tempo entre o mosquito picar uma pessoa infectada com o vírus e transmitir para outra pessoa pela picada é menor também.
Apesar das condições desfavoráveis, a incidência da dengue em Ribeirão Preto caiu para 1,1 mil nos primeiros dez meses do ano. Segundo o diretor, as ações de prevenção devem ser intensificadas no Vale do Paraíba e no litoral norte paulista, regiões com o maior índice de infecção este ano, cerca de 6,5 mil casos.
Edição: Carolina Pimentel