Rio de Janeiro se prepara para fazer uma Copa do Mundo com produtos orgânicos e sustentáveis

19/11/2012 - 20h53

Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Um dos legados que a Copa do Mundo de 2014 quer deixar para o estado do Rio é a estruturação da cadeia produtiva de orgânicos, desde o produtor da matéria-prima, passando pela agroindústria e mercados varejistas, chegando à conscientização dos consumidores sobre os benefícios dos produtos sustentáveis e sem agrotóxicos.

O assunto foi discutido hoje (19) no Seminário Brasil Orgânico e Sustentável/Rio de Janeiro - Impactos da Política Nacional de Agroecologia. O presidente da Associação Brasil Orgânico e Sustentável (Abrasos), Alexandre Borges, disse que fazer com que a Copa de 2014 seja a primeira a ter esse viés será um desafio para o setor.

“Todo mundo fala que [o alimento] orgânico é legal, é saudável, mas falta organizar a cadeia produtiva. Nosso problema é estrutural. Temos produtores desistindo e voltando para a prática convencional. Os empreendedores já sofreram muito e perderam dinheiro por causa dos produtores, que são a ponta da cadeia. Também estamos nos reunindo com varejistas, redes regionais, hotéis, para conseguir escoar a produção”, declarou.

Borges adiantou que será lançada quarta-feira (21) a campanha Brasil Orgânico e Sustentável 2014, durante a 8ª Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, que ocorre até domingo (25) na Marina da Glória. De acordo com ele, a campanha vai gerar oportunidades para o crescimento do setor.

“Estamos na fase de articulação, vendo com os ministros se será uma campanha oficial do governo. De prático vamos ter um site e rodadas de negócios que vão tentar unir as pontas, fazer o casamento entre o produtor, a pequena empresa, os restaurante, hotéis, o varejo. A gente vai ganhar visibilidade com a campanha que vai na mídia, vai ter um selo, que será usado por quem cumprir alguns critérios, que ainda serão discutidos”.

O presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio), Silvio Galvão, compõe o núcleo temático do projeto Brasil Orgânico e Sustentável 2014. Para ele, o Rio tem a responsabilidade de receber bem os turistas que virão para a Copa, mas também de deixar como grande legado o consumo orgânico sustentável e a geração de renda para o produtor.

“O Rio de Janeiro tem como desafio conseguir trazer todos os produtores de forma organizada para participar desse movimento. E, para isso, nós estamos precisando de mais assistência técnica, mais oportunidade de transferência de tecnologia para os produtores rurais”, declarou.

Segundo Galvão, “existem nas prateleiras de diversas empresas de pesquisa agropecuárias dos estados, reunidos por meio do Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Consepa) e da própria Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), toda uma metodologia, uma tecnologia pronta para você controlar a questão do manejo, de capim, de pragas, irrigação, buscando sempre o máximo de produtividade e de produção”, completou.

Apesar da proximidade com os grandes eventos esportivos, como a Copa das Confederações em 2013, ele garante que o estado está preparado para o desafio de incentivar a produção e o consumo de orgânicos.

“A Copa do Mundo é um pretexto. O Rio de Janeiro já tem um trabalho, que merecia estar mais desenvolvido, mas por diferentes razões não está. E a gente está usando a Copa do Mundo para acelerar todo um conjunto de politicas públicas para que dê efetivo resultado positivo para o produtor rural. Não adianta resultado político, o produtor tem que ganhar com isso. 2014 é um desafio, mas nós já temos produtos que podem mostrar todo o nosso potencial”.

De acordo com Galvão, já existem no estado cerca de 300 produtores certificados dentro do processo de comércio justo, agricultura orgânica e certificação de origem, além de mil da agricultura familiar, que já podem participar das rodadas de negócio da Copa das Confederações.

Do lado do consumo final, o Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes (SindRio) informou que existe a demanda por produtos orgânicos e que está criando a primeira diretoria de sustentabilidade no país, dentro dos sindicatos patronais. Em um levantamento rápido, o SindRio identificou pelo menos 30 estabelecimentos que trabalham com orgânico e têm esse viés para atrair clientes.

 

Edição: Aécio Amado