Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Nascido na cidade mineira de Itabira em 31 de outubro de 1902, o poeta Carlos Drummond de Andrade, falecido em 1987, estaria completando hoje 110 anos. Para comemorar a data, e fazer dela uma homenagem anual ao grande nome da poesia brasileira, o Instituto Moreira Salles (IMS) lançou em 2011 a ideia de instituir o Dia D: Dia de Drummond, com uma programação de eventos que passaria a integrar o calendário cultural do país. A inspiração veio dos irlandeses, que todos os anos festejam, no dia 16 de junho, o Bloomsday, em homenagem ao seu mais importante escritor, o romancista James Joyce.
Este ano, o Dia D: Dia de Drummond está sendo celebrado em oito cidades brasileiras – Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Itabira, Brasília, Porto Alegre, Salvador e Recife – e até mesmo em Portugal. Na cidade do Porto, está sendo encenada hoje (31) e amanhã (1º) a peça teatral Cartas de Maria Julieta a Carlos Drummond de Andrade, espetáculo idealizado pelo neto do poeta, Pedro Drummond, e concebido e interpretado pela atriz Sura Berditchevsky. A peça aborda a intensa relação de Drummond com sua filha e faz parte da programação cultural do Ano do Brasil em Portugal.
No IMS do Rio de Janeiro, localizado no bairro da Gávea, zona sul da cidade, a comemoração teve nesta quarta-feira (31) uma mostra de cinema com filmes da atriz sueca Greta Garbo, fonte de inspiração para poemas e crônicas de Drummond. Antes mesmo da data, na semana passada, o espaço cultural promoveu em seu auditório, completamente lotado, o curso Drummond: O Tempo e A Poesia, ministrado pelo poeta Antonio Cicero.
O ponto alto do Dia D no IMS do Rio é o lançamento, às 20h de hoje, da nova edição dos Cadernos de Literatura Brasileira dedicada ao poeta, seguido de um bate-papo aberto ao público entre os também poetas Ferreira Gullar e Eucanaã Ferraz e o professor de literatura brasileira Ivan Marques, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).
Para Eucanaã Ferraz, o aniversário de Carlos Drummond de Andrade deve ser uma oportunidade de se comemorar a própria poesia. “ É um tipo de comemoração bastante simples de ser feita. Qualquer escola ou biblioteca pública possui obras de Drummond. Basta promover uma leitura de poemas dele para comemorarmos a poesia em torno de um nome que dá a esta palavra um sentido mais concreto”.
No Rio, as comemorações pela data não ficaram limitadas ao IMS. Houve um recital na Academia Brasileira de Letras (ABL), com concepção, roteiro e interpretação do poeta e acadêmico Antonio Carlos Secchin, e roda de leitura e contação de histórias na Biblioteca-Parque da Comunidade da Rocinha, na zona sul do Rio.
A popularidade do grande poeta brasileiro na cidade onde viveu 53 anos e também foi um cronista da vida carioca, escrevendo em jornais e revistas, está expressa na estátua em sua homenagem, no calçadão da praia de Copacabana. Para Eucanaã Ferraz, ela fez de Drummond uma referência na cidade.
“É difícil saber porque uma coisa dá certo ou não, porque algumas despertam a atenção coletiva, mas o fato é que essa estatua virou uma referência na cidade. As pessoas conversam com ela, como se estivessem conversando com o poeta, tiram fotos, embora a gente não saiba a relação delas com a poesia do Drummond. De qualquer forma, a cidade fez esta homenagem e conseguiu incorporar o poeta à sua paisagem”.
Edição: Fábio Massalli