Atendendo regras internacionais, Brasil passa a centralizar exames antidoping

22/10/2012 - 16h27

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Brasil iniciou hoje (22) uma nova fase de ações preventivas e de combate ao doping esportivo, com a entrada em operação da recém-instituída Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), órgão que se encarregará de avaliar 100 esportistas de modalidades olímpicas beneficiados pelo Bolsa Atleta, nas cidades de Brasília, São Paulo e do Rio de Janeiro. Posteriormente, o trabalho será estendido aos demais estados.

“A partir de agora, o controle de dopagem será uma política de governo, no sentido de desenvolver essa prática de forma equânime e justa”, disse à Agência Brasil o diretor executivo da ABCD, Marco Aurélio Klein. O programa será subsidiado pelo governo federal e a nova entidade será responsável por definir e esclarecer regras e exames a serem adotados.

“Teremos entre nossas atribuições a de formar, capacitar e certificar os oficiais do controle de dopagem [profissionais que fazem a coleta das amostras para exame]”, acrescentou Klein. A entidade ficará responsável também por desenvolver pesquisas, informar e conscientizar tanto os atletas, como seus parentes e técnicos.

Antes, os exames estavam sob responsabilidade das confederações esportivas. Ao centralizá-los na ABCD, o Brasil passa a estar em conformidade com o código mundial definido pela Agência Mundial Antidoping (Wada, sigla em inglês).

“De fato este é um avanço significativo porque, antes, umas [confederações] faziam mais, outras menos, e outras sequer faziam. Agora, serão adotados protocolos iguais e específicos para todas modalidades. Algumas confederações continuarão a fazer os exames. O que muda é que, agora, elas estarão sob supervisão da ABCD”, informou o diretor.

Os exames de urina costumam apontar tipos de hormônios sintéticos mais básicos, usados para melhorar o desempenho esportivo; e os testes de sangue são adotados para detectar as demais substâncias proibidas. O montante a ser subsidiado pelo governo estará relacionado ao número de exames a serem feitos.

“Ao aderirem ao Programa Bolsa Atleta, os esportistas assinaram um termo de adesão no qual aceitaram se submeter a esse tipo de controle e exame”, explicou Klein. Segundo ele, os atletas a serem examinados são escolhidos por meio de sorteio. Atualmente, cerca de 5 mil atletas são beneficiados pelo programa. “Nesta primeira leva de exames, há apenas atletas que participam de competições nacionais ou internacionais”, acrescentou.

Todos os exames serão feitos pelo Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Como as exigências e controles são tremendos, este é e será o único laboratório certificado no Brasil. A Wada, que credenciou apenas 33 laboratórios em todo o mundo, não pretende credenciar mais do que um laboratório por país”

“Por meio de um acordo de cooperação envolvendo o Brasil, Portugal e a Wada, trouxemos para o Brasil o oficial da Agência de Controle de Dopagem de Portugal. É ele quem está fazendo as coletas. Nossos treinamentos estão sendo filmados para ajudar, posteriormente, na instrução de pessoal”, disse Klein, referindo-se ao médico português João Marques.

A meta da ABCD é fazer com que, em 2016, o Brasil não tenha nenhum caso de dopagem entre os atletas, durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro. “Isso não só é bastante possível como aconteceu nas Olimpíadas da Austrália, da China e, mais recentemente, da Inglaterra.”

“Vale lembrar: os atletas são responsáveis por todas as substâncias encontradas em seu corpo”, enfatizou Klein.

Os exames em Brasília serão feitos até amanhã (23). Depois, a equipe da ABCD segue para a cidade de São Paulo, onde ficará entre os dias 25 e 27. Por fim, seguirá ao Rio de Janeiro, onde os exames serão feitos exames nos dias 29 e 30. Os atletas que estiverem fora da cidade, e que tenham alguma "razão justificada" para não comparecerem ao local, poderão fazer os exames em data posterior. “Estas ausências não nos preocupam tanto porque os testes serão feitos com muita regularidade, o que certamente dificultará quaisquer práticas indevidas,” disse Klein.

Edição: Carolina Pimentel