Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Escolhido para representar o Brasil na disputa pela indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2013, O Palhaço foi vencedor do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, o equivalente nacional à premiação norte-americana. O filme dirigido e interpretado por Selton Mello, também um dos roteiristas, ganhou em 12 das 13 categorias a que foi indicado para receber o Troféu Grande Otelo. Em segundo lugar no número de indicações (11), O Homem do Futuro, de Cláudio Torres, faturou duas – as de melhor efeito visual e melhor som.
Além de melhor longa-metragem de ficção, O Palhaço foi o preferido na votação dos membros da Academia Brasileira de Cinema para as categorias de diretor, ator (Selton Mello), ator coadjuvante (Paulo José), roteiro original (Selton Mello e Marcelo Vindicatto), direção de fotografia (Adrian Teijido), direção de arte (Cláudio Amaral Peixoto), montagem de ficção, trilha sonora original, figurino e maquiagem. Venceu também no voto popular, que pôde ser dado pelo público pela internet até o início da premiação, na noite de ontem (15), em cerimônia de gala no Theatro Municipal, na Cinelândia, centro do Rio.
Para Selton Mello, o sucesso da produção vem da grande identificação do público com a história dos palhaços e da vida no circo. “O filme fala dos rumos que as pessoas podem seguir na vida. Por meio de um palhaço, eu pude falar de coisas universais”, disse o ator e diretor.
Deborah Secco conquistou o prêmio de melhor atriz por sua atuação em Bruna Surfistinha, filme de Marcus Baldini que também deu a Drica Moraes o Troféu Grande Otelo de melhor atriz coadjuvante. Lixo Extraordinário, de João Jardim, Karen Harley e Lucy Walker, foi escolhido pela academia como melhor longa-metragem documentário, categoria em que o público também pôde se manifestar. O preferido pelo voto popular, no entanto, foi Quebrando o Tabu, de Fernando Grostein Andrade.
O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro também premia o melhor longa-metragem estrangeiro, tanto com os votos dos membros da academia como pela votação popular. Na primeira, o vencedor foi Meia-Noite em Paris, de Woody Allen. Já o público preferiu o longa de animação Rio, produção norte-americana dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha.
O grande homenageado da festa este ano foi o cineasta Carlos Diegues, que aos 70 anos de vida está completando 50 de uma carreira iniciada em 1962 com o filme Cinco Vezes Favela. O anúncio dos prêmios foi entremeado com a exibição de cenas dos mais importantes longas-metragens do diretor, textos de autoria dele sobre os filmes e o cinema e atores caracterizados como Xica da Silva, Tieta do Agreste e o Lorde Cigano de Bye Bye Brasil (1979).
Quase no final da noite, Cacá Diegues foi chamado ao palco para receber o prêmio das mãos de José Wilker, Betty Faria e Zaira Zambelli, atores que encabeçaram o elenco de Bye Bye Brasil. Emocionado, o cineasta disse que recebia o prêmio como “um estímulo para continuar fazendo filmes”.
Em entrevista antes da cerimônia, Diegues disse que espera iniciar em 2013 as filmagens de O Grande Circo Místico, baseado no poema de Jorge de Lima que foi musicado por Chico Buarque e Edu Lobo. “Não será um musical, mas um filme cheio de músicas”, adiantou. Para ele, o cinema brasileiro vive hoje uma fase muito positiva, com a produção de mais de 100 filmes por ano. “Nunca vi uma fase tão rica, tão plural, com sucesso de público e de crítica, mas precisamos preservar essa multiplicidade, que faz a grandeza do cinema brasileiro.”
Edição: Juliana Andrade