Período pós-64 é tema de quatro documentários de longa-metragem da mostra competitiva do Festival do Rio

01/10/2012 - 21h08

Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Nove documentários de longa-metragem inéditos, todos da safra recente do cinema brasileiro, disputam o Troféu Redentor da categoria, na parte competitiva da mostra Première Brasil do Festival do Rio. Quatro deles têm como tema o período de mais de duas décadas em que o país viveu sob uma ditadura militar e mais cinco traçam perfis de artistas brasileiros ou ligados ao Brasil.

Rio Anos 70, de Patricia Faloppa e Mauricio Branco, mostra em imagens da época e depoimentos de cerca de 60 personalidades o que foi o cenário cultural e a agitada vida noturna da cidade do Rio de Janeiro da época. Em contraponto ao contexto político da falta de liberdade de expressão, o período foi marcado por iniciativas ousadas nas artes e no comportamento, festas marcadas pelo alto consumo de álcool e drogas e o surgimento das discotecas, como a emblemática Dancing Days.

Entre outros, dão seus depoimentos sobre “os anos do desbunde”, como ficou conhecido o período, o jornalista e produtor musical Nelson Motta, o cantor Ney Matogrosso, a atriz Regina Casé, o cineasta Neville de Almeida, a professora e ensaísta Heloisa Buarque de Hollanda, o cantor e compositor Caetano Veloso, o diretor de televisão Daniel Filho, o empresário da noite Ricardo Amaral e as ex-integrantes do grupo As Frenéticas. “O excesso faz parte de todas as revoluções”, diz em seu depoimento Neville de Almeida, ao ressaltar as mudanças políticas e culturais que ocorriam nos anos 1970, apesar – e até mesmo como resistência – à censura vigente no país.

Mais três documentários que têm como tema a época da ditadura militar são O Dia Que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares, que trata da participação do governo norte-americano no golpe de 1964; Dossiê Jango, de Paulo Henrique Fontenelle, sobre o conturbado exílio do ex-presidente João Goulart e as nebulosas circunstâncias de sua morte, em 1976, e Sobral – O Homem Que Não Tinha Preço, de Paula Fiuza, que refaz a trajetória do advogado Heráclito Sobral Pinto, o mais importante defensor dos presos políticos no pós-1964.

Entre os demais concorrentes ao Prêmio Redentor de melhor documentário de longa-metragem, duas produção abordam as obras de dois importantes artistas plásticos brasileiros: Hélio Oiticica, de César Oiticica Filho, e Ouvir o Rio: Uma Escultura Sonora de Cildo Meireles, de Marcela Lordy. Jards, de Eryk Rocha, é um ensaio sobre a obra do músico e compositor Jards Macalé, e Satyrianas, 78 horas e 78 minutos, de Daniel Gaggini, Fausto Noro e Otávio Pacheco, homenageia os artistas do teatro contemporâneo da cidade de São Paulo. Margaret Mee e a Flor da Lua, de Malu de Martino, traça um perfil da botânica e ilustradora britânica Margaret Mee, profundamente ligada, por sua militância ecológica e sua arte, à preservação da flora brasileira.

A programação completa do festival, que vai até o próximo dia 11, pode ser conferida no site www.festivaldorio.com.br.

 

Edição: Aécio Amado