Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Apoiado com R$ 25 mil obtidos em um edital do Fundo Brasil, o Comitê Popular da Copa de São Paulo vai intensificar as ações para mobilizar os atingidos pelas obras de preparação para a Copa do Mundo de 2014. Criados em várias capitais do país para discutir os impactos e as violações de direitos humanos relacionados aos grandes eventos esportivos, os comitês populares são articulações de movimentos sociais, pesquisadores, militantes e estudantes
O Fundo Brasil é uma entidade privada que apoia desde 2006 projetos relacionados a direitos humanos. Este ano, o fundo lançou, em parceria com a Fundação Ford, um edital específico para iniciativas ligadas aos impactos dos megaeventos. Segundo a coordenadora de projetos da entidade, Maíra Junqueira, o direcionamento foi feito a partir da percepção de que o tema ganhou importância nos últimos anos. “Nos últimos dois anos, a gente começou, cada vez mais, a notar as políticas de desenvolvimento na temática dos projetos que recebíamos”, ressaltou.
Além do comitê popular paulista, também serão apoiadas com verba de R$ 25 mil as organizações de Porto Alegre, Belo Horizonte, do Rio de Janeiro e de Curitiba. Ao todo, 13 iniciativas selecionadas entre 258 propostas receberão o incentivo.
Em São Paulo, serão organizadas oficinas e debates, principalmente nas três áreas apontadas como as mais afetadas pelo comitê: o entorno no futuro estádio do Corinthians, em Itaquera, zona leste; a região por onde passará o Trecho Norte do Rodoanel e a região central, que deve passar por intenso processo de revitalização.
Em Itaquera, a pesquisadora e participante do comitê popular Juliana Machado estima que 20 mil pessoas podem ser removidas. “A população está sob ameaça de ser removida da região por estar próxima ao estádio, onde ainda há algumas favelas. A gente acredita, pelo que viu dos projetos do governo do estado e da prefeitura, que muitas dessas comunidades serão removidas para dar lugar às obras, avenidas de acesso".
Para Juliana, a aproximação dos eventos esportivos e a boa situação econômica do país acabaram dando impulso a uma série de projetos. “Muitos, inclusive, que estavam engavetados há muitos anos e, com a Copa do Mundo e o crescimento do país, saíram da gaveta e foram intensificados”.
Por isso, o comitê pretende, além de promover as discussões, elaborar material de propaganda de forma a mobilizar as comunidades para lutar por seus direitos. “Precisamos divulgar, com linguagem acessível, para as pessoas entenderem que a gente não tem nada contra o futebol e a Copa do Mundo, mas contra essas violações”, explicou. Os vídeos e panfletos deverão ser feitos com o dinheiro recebido do edital.
Edição: Graça Adjuto