Crise faz cidade espanhola ficar sem remédios

23/09/2012 - 16h11

BBC Brasil

Brasília - A crise econômica na Espanha vem provocando cortes de investimentos em diversos setores. E agora o endividamento e a necessidade de cortar gastos que afeta tanto as administrações regionais quanto o governo central do país já provocam até mesmo escassez de medicamentos nas farmácias.

De acordo com a Associação Farmacêutica de Valência, remédios para tratar o diabetes, medicamentos para tratamento da tireoide e alguns antibióticos são alguns dos que estão em falta nas farmácias. As populações dessas regiões dependem das administrações locais para o fornecimento de serviços como saúde e educação.

O problema é que as autoridades regionais espanholas não dispõem mais de verbas para pagar todas as suas contas. E elas não podem esperar muita ajuda do governo central, já que este também está fortemente endividado.

Uma farmácia traz na parede a seguinte inscrição: "Um aviso importante: o governo de Valência está devendo a esta farmácia por todos todos os medicamentos que foram fornecidos aos clientes nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril.''

O sistema de saúde espanhol permitia que pacientes pudessem ter acesso gratuito a muitos medicamentos. Mas agora a situação mudou. Há alguns meses o governo apresentou uma medida pela qual os aposentados teriam de pagar o equivalente a 10% do valor dos medicamentos que lhes fossem receitados.

O projeto estipula ainda que os demais pacientes passem a pagar o equivalente a 50% do valor total dos remédios que adquirirem – um aumento em relação aos 40% cobrados atualmente. Com a medida, o governo diz esperar obter o equivalente a 7 bilhões de euros (cerca de R$ 18,4 bilhões)

O problema não se limita a Valência. Muitas farmácias nas Ilhas Canárias também têm sido afetadas pela escassez de medicamentos. As regiões espanholas contam com um problema extraordinário, pois, durante a bolha imobiliária que assolou a Espanha, as autoridades regionais coletavam impostos cobrados sobre transações imobiliárias.

Agora que esta fonte de receita se foi, os administradores regionais esperam que o governo central possa lhes fornecer as quantias que necessitam. Mas o governo central também enfrenta dificuldades. E ele não tem como emprestar a não ser a juros proibitivos.