Depois de chacina em favela, mais de 4 mil alunos continuam sem aula em Mesquita

12/09/2012 - 14h58

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil


Rio de Janeiro – Mais de 4 mil alunos do ensino fundamental da rede municipal continuam sem aula na cidade de Mesquita, na Baixada Fluminense, por causa da violência. Das 33 escolas existentes no município, 11 estão fechadas há dois dias por estarem localizadas no entorno da comunidade da Chatuba, onde traficantes torturaram e executaram seis jovens no fim de semana. O local agora ocupado por homens da Polícia Militar e fuzileiros navais.

Uma moradora da comunidade que não quis se identificar por medo de retaliações informou que a violência no bairro vem aumentando nos últimos meses. Assistente jurídica em um escritório de advocacia, ela não foi trabalhar hoje (12), pois a creche da filha mais nova, de 2 anos, não abriu e ela não tinha com quem deixar a criança.

“Tenho dois filhos e eles não saem para a rua, pois não acho que seja um local apropriado para eles. É lamentável. A presença da polícia deixou o clima mais tenso, mas como moradora eu prefiro um bairro com segurança.”

A advogada disse ainda que, nas ruas próximas à de sua casa, é possível ver o comércio de drogas. “Na direção da mata onde os meninos foram mortos, é possível ver a atuação de traficantes a qualquer hora do dia, mas a ousadia vem crescendo”, lamentou. “Tem que haver segurança aqui, onde só pode ter um poder, o do Estado”, desabafou a moradora.

A Secretaria de Educação de Mesquita informou por meio de sua assessoria que a reabertura das escolas municipais dependerá da situação na comunidade no transcorrer do dia de hoje e que se não houver atos de violência ou confrontos as unidades reabrirão amanhã.

O comandante regional da Polícia Militar, coronel Danilo Nascimento, informou que os policiais estão recebendo o apoio da população e que o clima é de tranquilidade na Chatuba e nos arredores. Ele confirmou que as 19 pessoas detidas ontem não têm envolvimento direto na chacina ocorrida no fim de semana passado, mas que continuam presas, acusadas de outros crimes, como envolvimento com o tráfico de drogas.

A favela ficará ocupada pela forças de segurança por tempo indeterminado. Ontem, foram encontrados quatro acampamentos utilizados pelo tráfico em uma mata no entorno da favela. O coronel informou que um dos acampamentos tinha um gerador de luz. “Estamos verificando se esses equipamentos poderiam ser esconderijo de marginais dessa e de outras áreas ou até mesmo como locais de endolação [embalagem] de drogas”.

Em dois dias, o Disque Denúncia recebeu mais de 160 telefonemas com informações sobre a chacina.

 

Edição: Lílian Beraldo