Contador diz na CPMI do Cachoeira que foi ameaçado a abrir empresas fantasmas

29/08/2012 - 19h14

Ivan Richard e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O contador Gilmar Carvalho Moraes, acusado de ser o responsável pela abertura de empresas fantasmas para a organização criminosa chefiada pelo empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, disse que não conhece Cachoeira e que seus documentos foram usados ilegalmente.

Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, Moraes declarou que tinha uma dívida com uma pessoa chamada Valdeir Fernandes Cardoso e que foi forçado por ele a abrir as empresas. O contador disse que como não tinha dinheiro para quitar uma dívida de R$ 7 mil, Valdeir Fernandes Cardoso o obrigou a prestar serviços como forma de pagar o débito.

“Tinha uma dívida com essa pessoa. Ele me ameaçou. Não conheço essas pessoas do Cachoeira. Quero que mostre uma filmagem minha com esse pessoal do Cachoeira, com essa organização”, disse. “Essa pessoa que eu devia, tenho certeza que ele usou meu documento. Ele pedia para que eu desse entrada [com documento de abertura de empresas] na Junta Comercial porque precisava de um contador. Ele ligava para mim e me ameaçava”, completou.

Moraes e sua ex-mulher, Roseli Pantoja da Silva, entraram em contato, por telefone, hoje (29) com a secretaria da CPMI para pedir proteção porque, segundo eles, estavam sendo ameaçados. Diante da denúncia, a comissão decidiu ouvir o contador hoje mesmo.

Gilmar Moraes disse à CPMI que em uma das vezes que foi ameaçado por Valdeir Fernandes Cardoso, ele levou um processo com um número de CPF diferente do seu para que pudesse dar continuidade no processe formalização de uma empresa. “Eu disse que ia dar problema. Ele falou: você quer me pagar ou não quer? Se passasse dois dias e eu não desse entrada no processo, ele me ligava ameaçando”, ressaltou.

De acordo com o contador, a dívida com Valdeir Fernandes Cardoso começou quando ele trocou alguns cheques. “ Como não tive como pagar, a dívida começou em R$ 7 mil e, em dois anos, ele já me cobrava R$ 18 mil.”

Segundo Moraes, depois do depoimento de sua ex-mulher à CPMI, algumas pessoas foram até a casa do seu ex-cunhado. “ Nos últimos dias algumas pessoas foram até a casa do irmão da minha ex-esposa. Queriam me achar de qualquer jeito”, disse.

“É mais uma demonstração do modus operandi dessa organização criminosa, que usa documentos falsos para abrir empresas fantasmas”, disse o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG).

 

Edição: Aécio Amado