Indústria naval alerta sobre falta de mão de obra especializada para o setor

01/08/2012 - 20h13

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A indústria naval aproveitou a abertura de uma das maiores feiras do offshore no país, a Navalshore 2012, que está sendo realizada na capital fluminense, para alertar sobre as dificuldades que enfrenta na área de mão de obra especializada. O setor destacou principalmente a falta de soldadores para atender à demanda dos estaleiros e de oficiais de Marinha Mercante.

Em fase de expansão, o setor movimenta mais de R$ 3 bilhões por ano e emprega pelo menos 62 mil pessoas, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval). Essa expansão é motivada, principalmente, pela exploração de petróleo e de gás em alto-mar, que exigem cada vez mais navios, plataformas e equipamentos.

Associação Brasileira de Soldagem (ABS) destacou a falta de soldadores "em quantidade e qualidade" para atender a indústria naval. Segundo o diretor executivo, Daniel Almeida, atualmente, os jovens não estão se sentem atraídos pela profissão, cujo salário está em torno de R$ 3,5 mil e a capacitação pode chegar a um ano de treinamento.

"A soldagem mostra um ambiente agressivo, mas sabemos que o jovem quer trabalhar em uma sala com televisão e ar condicionado", disse Almeida. Para reverter o problema, que não é exclusivo do Brasil, o setor faz campanhas nos Estados Unidos e na Europa, mostrando que "a área oferece uma carreira". No país, a ABS ampliará de seis para dez os centros de formação até o fim do ano.

Para Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam), também é preocupante o deficit de mil oficiais de Marinha Mercante. Eles são responsáveis por conduzir navios brasileiros e estrangeiros no país. A entidade estima que o número de profissionais aumentará 92% entre 2010 e 2020, mas avalia que com o crescimento do setor, o número é insuficiente.

"Esse déficit nos obriga a fazer ginástica para operar embarcações", disse o presidente, Ronaldo Lima. A entidade pede a suspensão temporária da regra do Ministério do Trabalho que obriga a contratação de tripulantes brasileiros no setor marítimo.

 

Edição: Aécio Amado