Chávez compara entrada da Venezuela no Mercosul às eleições de Lula, Kirchner e Mujica

31/07/2012 - 18h14

Renata Giraldi e Yara Aquino  
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse hoje (31) que o ingresso do seu país no Mercosul registra um momento histórico que se compara às eleições dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil, em 2002; Néstor Kirchner, na Argentina, em 2003; e José Pepe Mujica, no Uruguai, em 2009. Chávez destacou que a Venezuela passa a integrar o bloco como parte das mudanças históricas na América do Sul.

“A Venezuela chega ao Mercosul completa e com o desejo de nos integrar totalmente [ao Mercosul]”, ressaltou Chávez, em um discurso de pouco mais de 20 minutos. “Continuamos andando na história, preservamos a independência, e o Mercosul é o motor [desse processo]”, acrescentou. O presidente venezuelano fez um discurso empolgado e pareceu bem disposto, depois de longo tratamento para a cura de um câncer na virilha.

Citando a Bíblia, Chávez optou por não criticar os que atrasaram o processo de incorporação da Venezuela, arrastando as negociações por seis anos. “Como disse Dilma [Rousseff], há tempos que a Venezuela deveria ter entrado no Mercosul. Mas, como diz a Bíblia, tudo que está abaixo do Sol tem a sua hora. A entrada coincide com um novo ciclo que será iniciado em breve na Venezuela. Para o nosso projeto de desenvolvimento, nada é mais oportuno”, disse ele.

O presidente venezuelano lembrou que o processo de incorporação da Venezuela no Mercosul envolveu críticas e insinuações sobre a ausência de democracia no país. Chávez disse que a democracia na Venezuela está consolidada e que as eleições de outubro no seu país – quando os venezuelanos votarão para presidente - vão confirmar a vocação democrática da região.

“O interesse venezuelano também é o interesse nacional brasileiro, argentino, uruguaio e paraguaio, e da nossa América. A Venezuela, apesar de ser apontada como uma neoditadura ou regime autocrático, tem um processo democrático que amadureceu muito”, disse Chávez, que discursou segurando a Constituição da Venezuela.

Em seguida, o presidente, que tenta a reeleição, acrescentou: “Estamos na construção desse projeto constitucional. É de interesse nacional. Nos planos de desenvolvimento, estamos concluindo os objetivos históricos e estratégicos. O nosso objetivo é transformar o poder econômico [que domina atualmente o mundo]”.

Chávez reiterou que o ingresso da Venezuela no Mercosul poderá incrementar o desenvolvimento agrícola do seu país e cooperar com a produção e comercialização de pedras preciosas, materiais estratégicos e estimular o turismo. “O nosso potencial turístico é gigantesco. É uma oportunidade histórica no nosso horizonte”, disse ele,.

O presidente agradeceu os esforços das autoridades brasileiras citando texto de uma carta histórica de Simón Bolívar, o Libertador das Américas, escrita no século 19 para um embaixador. Na correspondência, Bolívar ressaltava que o Brasil é uma garantia para os avanços da região.

Edição: Davi Oliveira