Débora Zampier e Lia Kunzler
Repórteres da Empresa Brasil de Comunicação
Brasília e Goiânia – Os sete réus da ação penal da Operação Monte Carlo interrogados nesta quarta-feira (25), em Goiânia, recusaram-se a falar sobre o esquema apontado pela Polífica Federal (PF) de exploração ilegal de jogos e corrupção no Centro-Oeste. O juiz Alderico Rocha decidiu encerrar a audiência no final da tarde, cerca de uma hora e meia depois do início dos depoimentos, lembrando que os réus tinham o direito de ficar calados.
Além de Carlinhos Cachoeira, apontado pelo Ministério Público como líder do esquema, foram ouvidos os réus Lenine Araújo, Wladimir Garcez, Gleyb Ferreira, Idalberto Matias, José Olímpio de Queiroga Neto e Raimundo Queiroga Neto. Geovani Pereira da Silva, acusado de ser o contador do grupo, não compareceu à audiência porque está foragido desde o dia 29 de fevereiro, quando a operação foi deflagrada.
Quarto réu interrogado, Cachoeira não respondeu às perguntas mais incisivas do juiz alegando que o processo tem falhas, mas aproveitou a ocasião para fazer declarações de amor à esposa, Andressa Mendonça. Seu silêncio contradisse ele próprio já que havia afirmado, em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, no Congresso Nacional, que não falaria aos parlamentares porque só iria fazê-lo em depoimento à Justiça.
Wladimir Garcez, ex-vereador e suposto braço político do esquema, também disse que o processo tem falhas e que a citação a ele se refere a um homônimo. Gleyb Ferreira, único réu preso além de Cachoeira e apontado como assistente do empresário, chorou. Lenine Araújo, o primeiro interrogado, disse que é primo de Cachoeira e negou envolvimento no grupo.
O processo da Operação Monte Carlo, que corre na Justiça Federal em Goiânia, tem mais de 80 réus, mas foi desmembrado em duas partes para agilizar a tramitação em relação às pessoas que tinham recebido ordem de prisão, oito no total. Hoje, só Cachoeira e Gleyb Ferreira estão presos.
Logo após a sessão, os representantes do Ministério Público disseram que o silêncio dos réus já era esperado. “O fato de eles terem ficado calados não influencia nas provas que já estão nos autos", disse a procuradora Léa Batista.
O juiz Alderico Rocha informou que será aberto um prazo de três dias para que os réus peçam novas provas no processo – o Ministério Público já informou que não precisa de mais diligências. O juiz analisará se o pedido da defesa dos réus procede, determinando providências se for o caso.
Depois das diligências, começa o prazo de alegações finais das partes e o processo vai para o juiz, que prepara seu voto. Segundo Rocha, a expectativa é que haja veredito dentro de um mês.
Edição: Lana Cristina