BC estima déficit de US$ 4,5 bilhões para contas externas de julho

24/07/2012 - 16h35

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Banco Central (BC) estima que o déficit do país em transações correntes (registro das compras e vendas de mercadorias e serviços) vá ficar em US$ 4,5 bilhões este mês, disse hoje (24) o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha. O saldo ficou negativo no mês passado em US$ 4,419 bilhões ante US$ 3,477 bilhões registrados em junho do ano passado.

Segundo Rocha, o motivo é o dólar mais alto, que impacta as contas externas. Ele lembrou que o câmbio é “decisivo” em viagens internacionais. Os gastos de brasileiros em viagens ao exterior têm caído devido à recente alta do dólar.

Outro item da conta de transações correntes influenciado pela alta do dólar são as remessas de lucros e dividendos, que passaram de US$ 18,768 bilhões, no primeiro semestre de 2011, para US$ 9,981 bilhões em igual período deste ano. O lucro das empresas é apurado em reais e, ao enviar esse recurso para o exterior, é preciso converter em dólares. Com a taxa de câmbio em patamar mais elevado, a quantidade de dólares enviada ao exterior é reduzida.

Rocha acrescentou outro motivo para a redução nas remessas: o crescimento da economia a uma taxa menor faz com que as empresas tenham menos lucros para enviar ao exterior.

Segundo ele, ao definir a projeção de déficit de transações correntes para este mês, foi levada em consideração a expectativa de melhora no superávit comercial (saldo positivo de exportações menos importações) e, por outro lado, o aumento das despesas com juros, característico desta época do ano. De acordo com Rocha, a recuperação do saldo comercial este mês “compensará esse aumento sazonal nas despesas com juros”.

Em junho, o superávit comercial ficou em US$ 806 milhões ante US$ 4,43 bilhões no mesmo período de 2011. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, nas duas primeiras semanas de julho, os embarques para o exterior alcançaram US$ 9,289 bilhões e as compras internacionais, US$ 8,577 bilhões, com saldo positivo de US$ 712 milhões.

Edição: Lana Cristina