Cientista israelense dono do Nobel de Química de 2011 é um dos convidados da Reunião Anual da SBPC

22/07/2012 - 14h45

Heloisa Cristaldo
Repórter da Agência Brasil

São Luís – A descoberta de uma nova classe de sólido, os quasicristais, pelo cientista israelense Daniel Shechtman, Prêmio Nobel de Química de 2011, alterou fundamentalmente a forma como os químicos concebem a matéria sólida, fato reconhecido pelo comitê organizador do Nobel. A história de como Shechtman comprovou a estrutura que diferenciava o novo sólido dos demais – antes classificados como cristais e amorfos – será relatada pelo próprio pesquisador, que está no Brasil para participar da 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento científico começa hoje (22), às 19h, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Tendo como tema principal Ciência, Cultura e Saberes Tradicionais para Enfrentar a Pobreza, o encontro deve reunir, segundo a SBPC, 20 mil pessoas. Serão 61 conferências, 66 mesas redondas, 48 minicursos e atividades como reuniões de trabalho, assembleias e encontros para a discussão sobre os avanços da ciência.

De acordo com o comitê do Prêmio Nobel, a partir da descoberta de Shechtman em 1982, cientistas produziram, posteriormente, tipos de quasicristais em laboratório e encontraram formas naturais do sólido em amostras minerais de um rio na Rússia. As pesquisas avançaram e, conforme artigo da revista Química Nova na Escola, da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), quasicristais foram encontrados em um dos mais duráveis tipos de aço do mundo. A publicação relata ainda que, ao tentar obter diferentes tipos de ligas metálicas, uma empresa sueca criou uma espécie de aço que, hoje, é usado em produtos como lâminas de barbear e em agulhas finas feitas especificamente para cirurgia de olhos.

Atualmente, pesquisadores estão experimentando os quasicristais como antiaderentes em revestimentos de superfícies para frigideira e também em componentes para isolamento térmico de motores a diesel.

Shechtman nasceu em 1941 em Tel Aviv e é professor do departamento de Engenharia de Materiais do Instituto Tecnológico de Haifa, em Israel e de Ciências dos Materiais da Universidade Estatal de Iowa, nos Estados Unidos. O cientista conquistou o prêmio da Sociedade Europeia de Investigação de Materiais (2008), o Gregori Aminoff da Real Academia das Ciências da Suécia (2000), o Wolf de Física (1999), o Rothschild de Engenharia (1990) e o Prêmio Internacional por Novos Materiais da Sociedade Física Americana (1988).

Entre as expectativas da 64ª Reunião da SPBC, está o anúncio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em tornar a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) gestora de fundos e ainda ampliar sua capacidade de investimento. Com a medida, será possível administrar fundos de investimento público e privado, abrir e coordenar a participação de fundos no mercado financeiro e participar como sócia em negócios, semelhante ao que faz o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por meio do BNDESPar.

A programação completa do evento pode ser conferida no site http://www.sbpcnet.org.br/saoluis/home/ .

Edição: Lana Cristina