Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A 43ª edição do Festival de Inverno de Campos do Jordão começa neste sábado (30) e volta a ter como foco a música erudita e o treinamento de músicos jovens, aspirantes em música orquestral. O festival passou novamente a ser organizado pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), como ocorria na década de 1970.
“Este ano, [a organização] volta para o Osesp, como já foi em um passado remoto. E a mudança mais significativa na minha opinião é, de fato, a volta à proposta original do festival, quando ele foi criado pelo maestro Eleazar de Carvalho [1912-1996]”, disse à Agência Brasil o diretor executivo do festival, Marcelo Lopes.
Eleazar foi regente da orquestra do estado durante 23 anos e trouxe para o Brasil, em 1973, o modelo do Festival de Tanglewood, que ocorre durante oito semanas do verão nas cidades americanas de Lenox e Stockbridge, no estado de Massachusetts. Além de concertos, o festival conta com a presença de bolsistas, que têm aulas com músicos e maestros de destaque internacional.
A 43ª edição terá duração de quatro semanas e termina no dia 29 de julho. Este ano, todos os concertos do Auditório Cláudio Santoro terão transmissão ao vivo em telão instalado na Praça do Capivari. O evento contará com 115 bolsistas (de 14 a 30 anos), cerca de 25% deles são estrangeiros. A quantidade de bolsistas, porém, é menor do que a do ano anterior.
“O festival no ano passado tinha até mais bolsistas do que tem este ano, porém, eles tiveram um treinamento muito menos intenso, ele tiveram duas semanas de treinamento, e fizeram apenas uma programação de orquestra”. Na atual edição, os bolsistas terão três semanas de ensino e vão preparar três programas de orquestra e mais horas-aula do que houve no ano passado.
A Fundação Osesp e a Associação Joseense para Fomento da Arte e da Cultura, mantenedora da Orquestra Sinfônica de São José dos Campos, vão levar alunos e professores de escolas municipais para assistir aos concertos. Ao todo mais de 2,5 mil alunos participarão das apresentações no Auditório Cláudio Santoro, nos dias 25, 26 e 27 de julho.
“A ideia, com os concertos infantis, é aproximar o aluno da linguagem musical, formar plateias e despertar nas crianças o interesse pela música erudita”, afirma Marcelo Lopes. Atualmente, o projeto atende a mais de 100 mil alunos por ano na Sala São Paulo.
O festival contará com 78 concertos. A direção executiva do festival será de Marcelo Lopes, a direção artística de Arthur Nestrovski e a direção pedagógica de Cláudio Cruz. “O festival estava uma coisa muito abrangente, incluía culinária, gastronomia, moda, o consumo de luxo. Mas nós queremos que a população sinta que o festival nasce da música. A música de fato é o mote principal”, destacou Lopes.
Para permitir o contato dos bolsistas com músicos internacionais, a organização do festival fechou convênio cinco instituições: a Royal Academy Music, de Londres, o Conservatório de Amsterdã, o Conservatório Real de Haia, o Peabody Institute e o americano Cincinnati Colege of Music, que participarão enviando alunos e professores para Campos do Jordão.
“A ideia é que os alunos possam criar conexões, que eles vão aproveitar pelo resto da vida profissional. Tenho certeza que nós vamos ter o feedback disso na medida em que alunos continuem com seus contatos, continuem suas carreiras, inclusive com oportunidades de estudo fora do Brasil”.
Na terceira semana do festival, ocorre o ciclo Osesp Residente, uma série de quatro concertos voltados para a população de Campos do Jordão. Os quatro concertos regidos por estudantes irão ocorrer gratuitamente nos dias 17, 18, 19 e 20 de julho, às 19h, no Espaço Cultural Dr. Além.
Veja a programação completa no site http://www.festivalcamposdojordao.org.br/
Edição: Talita Cavalcante
