Líderes do G20 adotam discurso pró-crescimento no México

18/06/2012 - 20h51

Da BBC Brasil

Brasília – A volta da economia mundial ao crescimento virou o tema dominante antes da abertura oficial da reunião do G20, o grupo que reúne os principais países emergentes e avançados, que ocorre no balneário de Los Cabos, no México. Com sinais mais claros de que a Grécia ficará na zona do euro e formará um governo disposto a manter os compromissos internacionais, o tom foi de otimismo.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, comemorou a vitória do partido pró-integração europeia, que permite que Atenas e Bruxelas trabalhem juntos para reerguer a economia grega. Em seguida, ele disse que o bloco vai dar passos para estimular o crescimento por meio de investimentos públicos, sem deixar de lado os ajustes fiscais necessários para reequilibrar as contas nacionais.

“Os desenvolvimentos recentes demonstram que precisamos ir adiante e completar a nossa arquitetura financeira e econômica, dando passos para estimular o crescimento por meio de investimentos direcionados e perseguindo reformas estruturais”, disse Durão Barroso.

“Mas os desafios não são apenas europeus, são globais. Todos os países do G20 têm a responsabilidade de remover os obstáculos para o crescimento e criação de emprego”, declarou o dirigente da União Europeia, citando sinais preocupantes de protecionismo – desvalorizações artificiais da moeda e barreiras às importações que inibem o livre-comércio.

A linha foi quase a mesma adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que se reuniu em caráter bilateral com o anfitrião, o presidente mexicano Felipe Calderón. Qualificando de “promissor” o resultado das eleições na Grécia, Obama disse que é hora de o mundo caminhar para a estabilidade econômica e a volta da confiança nos mercados.

Segundo o presidente norte-americano, o mundo está preocupado com o crescimento menor das economias. Ele pediu união dos países do G20 a fim de fazer o necessário para estabilizar o sistema financeiro mundial e evitar o protecionismo, bem como garantir que a economia cresça para criar postos de trabalho. Ele, no entanto, disse que isso deve ser feito sem que os países se descuidem das contas públicas e das estruturas fiscais.

As declarações de certa forma representam um meio-termo no dilema crescimento versus austeridade, que tem dominado as discussões prévias ao G20. Enquanto todos concordam que os ajustes fiscais nos países avançados são importantes, a Alemanha é particularmente enfática na primazia deste objetivo como base para o crescimento.

Entretanto, os relatos são de que Berlim tem cedido ao consenso geral mais inclinado a garantir o crescimento. O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, lembrou que a zona do euro vai registrar este ano uma “leve recessão”.

Os Estados Unidos, país de voz mais forte nesse tipo de discussão, também têm visto suas projeções de crescimento serem paulatinamente reduzidas. Em meio a uma campanha de reeleição, o governo Obama tem gerado apenas cerca de 100 mil empregos por mês, menos que o necessário para reduzir a taxa de desemprego que continua acima de 8%.

A desaceleração também pode ser sentida em países emergentes. O crescimento indiano, por décadas em 9%, caiu para cerca de 6%. No Brasil, as projeções iniciais de 4% a 4,5% de alta do Produto Interno Bruto (PIB) este ano já foram diminuídas para 2%, 2,5% ou até menos.