Ex-presidenta da Irlanda acredita que Rio+20 vá estabecer metas concretas para o desenvolvimento sustentável

18/06/2012 - 20h20

Carolina Gonçalves e Renata Giraldi
Enviadas Especiais da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Diante das poucas horas que faltam para a conclusão do texto debatido entre negociadores de mais de 190 países que participam da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, a ex-presidenta da Irlanda Mary Robinson disse hoje (18) que ainda é possível esperar que a conferência estabeleça metas concretas para a implementação do desenvolvimento sustentável.

Os negociadores brasileiros e estrangeiros esperam fechar até o fim da noite de hoje (18) o texto final. As delegações estão divididas em três sessões de trabalho para tratar de temas mais divergentes. O documento preliminar que traz os pontos convergentes aponta para uma tendência de exclusão das propostas que ainda geram conflitos. Os representantes de 193 países se esforçam para elaborar um texto conciso a tempo de ser entregue aos 115 chefes de Estado e de Governo, no próximo dia 20.

Mary Robinson, que também ocupou o cargo de alta comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), disse que o documento preliminar, que reúne pontos já acordados entre as delegações, não é satisfatório. Segundo ela, a sociedade espera um esforço efetivo pelo estabelecimento das metas desse novo padrão de desenvolvimento.

O modelo defendido pela primeira mulher a ocupar a Presidência da Irlanda inclui compromissos dos líderes mundiais como o empoderamento das mulheres e investimentos em fontes de energia limpa.“O debate sobre energia é crucial para o desenvolvimento sustentável. O comprometimento com esse tema pode significar menos impactos sobre a biodiversidade e interromper os riscos provocados pelas mudanças climáticas”, disse.

Até ontem (17), divergências sobre temas que envolvem compromissos com recursos financeiros ainda persistiam. Os países desenvolvidos continuam resistentes a assumir essas responsabilidades, alegando dificuldades internas causadas pela crise econômica internacional. A justificativa ameaça também a reafirmação de compromissos firmados durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio92, ocorrida há 20 anos

“O que foi decidido em 92 foi uma compreensão total das necessidades dos povos e do planeta, com o estabelecimento de compromissos como a Agenda21 e as convenções (de Mudanças Climáticas e de Biodiversidade)”, lembrou Mary Robinson. Os acordos foram firmados, mas a implementação ainda não atingiu as expectativas do encontro realizado há duas décadas, segundo ela.

“Compreendo que, no meio de uma crise, os países têm diferentes preocupações. Não podemos ignorar o momento financeiro, mas não é uma boa ideia recuar [em relação aos compromissos]. Fazer o certo em relação ao desenvolvimento sustentável também pode fazer com que as economias voltem a crescer”, disse Mary Robinson.

Acompanhe a cobertura multimídia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) na Rio+20.

Edição: Lana Cristina