Carolina Gonçalves
Enviada Especial
Rio de Janeiro - Quarenta mini vans usadas para o transporte de comitivas que participam da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, estão rodando com a segunda geração de etanol brasileiro, conhecido como E2G. O novo combustível é produzido a partir de resíduos de plantação de cana-de-açúcar. Na produção da primeira geração do etanol brasileiro a matéria-prima é a própria cana-de-açúcar.
Mais de uma empresa desenvolve a tecnologia, mas a experiência usada na Rio+20 é resultado das pesquisas feitas pela Petrobras que vem estudando a produção do novo combustível desde 2004. De acordo com o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rosseto, foram produzidos 80 mil litros do E2G, usando cerca de US$ 70 milhões. O dinheiro é parte dos US$ 300 milhões previstos para pesquisas em biocombustível.
“Hoje o padrão de produção do etanol brasileiro é 8 mil litros por hectare. Aproveitando o bagaço da cana-de-açúcar conseguimos produzir 11 mil litros por hectare. Alcançamos uma eficiência de 40%”, explicou Rosseto.
Os estudos apontaram um rendimento de 300 litros de etanol por tonelada de bagaço seco. A escala experimental da Petrobras foi produzida em uma planta de demonstração localizada no Estados Unidos. A previsão é que em 2015 o etanol de segurança geração ganhe escala comercial, alcançando uma produção de 80 a 150 milhões de litro por ano. A estimativa da estatal é de que a garantia do novo combustível nas usinas signifique um investimento de US$ 150 milhões anuais.
“As usinas para produção do E2G serão acopladas às usinas de primeira geração do combustível para garantir a eficiência energética na produção. Vamos produzir mais etanol com a mesma área plantada, usando a cana-de-açúcar e transformando o resíduo também em combustível”, acrescentou Rosseto.
De acordo com o presidente da Petrobras Biocombustível, o preço para o consumidor será o mesmo pago pelo etanol da primeira geração, usado hoje nos postos de gasolina. Rosseto explicou que todas as pesquisas estão voltadas para garantir esse custo equitativo e a estatal já está analisando os detalhes para implantação da usina do E2G.
Até agora, as pesquisas para a produção do E2G no Brasil foram feitas apenas a partir dos resíduos de cana. A escolha considerou o volume desse cultivo no país, inclusive para garantir que, em três anos, a produção do E2G tenha matéria-prima suficiente para abastecer o mercado. Mas, a produção pode envolver, no médio e longo prazo, outros resíduos de celulose, como a palha de milho, usada nos Estados Unidos.
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Edição: Lílian Beraldo