Para Fiesp e Firjan, setor industrial responde por baixa emissão de gases de efeito estufa no Brasil

12/06/2012 - 17h41

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A indústria não é o vilão das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no país, disseram hoje (12) os presidentes das federações das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e de São Paulo (Fiesp), Eduardo Eugenio Gouvea Vieira e Paulo Skaff, respectivamente, durante o Humanidade 2012. O evento é uma iniciativa promovida pelas duas entidades, em parceria com a Fundação Roberto Marinho e a prefeitura carioca, e está ocorrendo no Forte de Copacabana, em paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

De acordo com dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação encaminhados à Organização das Nações Unidas (ONU), em 2005, a queima de florestas e o desmatamento são os principais emissores de GEE no Brasil, com 60,64% do total, enquanto a indústria responde por 3,52% das emissões. O restante é dividido entre a agricultura (18,97%), energia (15%) e resíduos (1,87%). Excluindo as queimadas e o desmatamento, as emissões se elevam para 48,19% na agricultura, 38,11% na área da energia, 8,95% na indústria e 4,76% em relação a resíduos.

Ao considerar os números em termos mundiais, o setor da energia lidera as emissões de GEE, com 66%, seguido da agricultura (14%), mudanças do uso do solo e florestas (13%), processos industriais (4%) e resíduos (3%). Para o diretor de Infraestrutura da Fiesp, Carlos Cavalcanti, a grande diferença é que, no Brasil, “a energia é limpa, não representa a causa principal das emissões, e o passivo brasileiro é o desmatamento ilegal”.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, defendeu que o Brasil dê continuidade ao processo de industrialização, reduzindo as emissões de gases poluentes, proporcionalmente ao produto a ser fabricado. “Nós vamos emitir, sim. Mas menos, proporcionalmente por produto produzido do que hoje. Ou seja, a razão tem que mudar. O quilo de gás de efeito estufa por produto tem que ser menor”.

Já o presidente da Fiesp, Paulo Skaff, explicou que em um país em desenvolvimento, não se pode privar as pessoas de emprego, de comida. “Tem que haver desenvolvimento e compromissos de redução das projeções de crescimento das emissões”. A solução para a diminuição de GEE passa pela inovação tecnológica, sugeriu.

Skaff não considera a indústria um problema para o desenvolvimento sustentável, mas solução. “Ela gera o crescimento sustentável, respeitando o meio ambiente, mas gerando oportunidade de emprego e de crescimento para as pessoas”. Segundo ele, a indústria continua atendendo às necessidades da população.

Em termos ambientais, as emissões da atividade industrial não são problema, insistiu. O presidente da Fiesp assegurou que qualquer projeto novo da indústria tem forte investimento na área do meio ambiente. “Nenhum novo projeto é feito sem os investimentos necessários na área ambiental”. Muitas indústrias já se adaptaram a esse novo cenário e outras se acham em fase de adaptação.

Skaff avaliou que a diferença entre a Conferência da ONU para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio92, e a Rio+20 é que, há 20 anos, a visão empresarial era que ”essas coisas eram um ônus”. Hoje, são vistas como bônus. “Ao mesmo tempo em que significam produzir de forma mais limpa para preservar o planeta, a vida e a saúde, são bônus porque você gasta menos insumos, menos água, menos energia”.

 

Edição: Aécio Amado