MCP faz manifestação em frente ao Ministério da Agricultura reivindicando falar com Mendes Ribeiro

05/06/2012 - 20h23

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Manifestantes ligados ao Movimento Camponês Popular (MCP) ocuparam hoje (5) toda a área em frente ao Ministério da Agricultura, revindicando ser atendidos pelo ministro Mendes Ribeiro. A diretora do MCP, Sandra Alves, lamentou a não disposição do ministro em receber os representantes do movimento. “Fomos atendidos por todos os ministros, menos pelo ministro Mendes Ribeiro. Logo ele, que coordena um dos ministérios mais importantes para o pequeno produtor”, lamentou.

O MCP quer que Mendes Ribeiro se manifeste sobre os 13 itens apresentados ao governo, com reivindicações de políticas públicas para o pequeno camponês. Entre as reivindicações do movimento está a renegociação de dívidas e o adiamento da entrada em vigor da Normativa 51, que impõe aos produtores de leite infraestrutura mínima e mecanização da produção. “Achamos que isso tem de ser feito, mas o pequeno produtor de leite não tem condições de fazer isso ainda em 2013. Propomos, então, que isso seja adiado para 2016”, disse Sandra Alves à Agência Brasil.

Por causa da manifestação, a entrevista do diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Silvio Porto, para explicar o Plano Safra 2011/2012, marcada para a tarde de hoje no ministério, foi suspensa.

Pela manhã, a Conab anunciou que com crescimento de 53,1% na produção da segunda safra – o que equivale a um total de 11,42 milhões de toneladas – o milho foi o destaque apontado no levantamento de grãos 2011/2012. A expectativa é que, juntando a primeira e a segunda safra, se chegue a uma produção total de 67,79 milhões de toneladas, superando inclusive a safra de soja, estimada em 66,37 milhões.

A reportagem da Agência Brasil, no entanto, conseguiu conversar com Silvio Porto ainda no ministério. Para o diretor da Conab, o crescimento da produção de milho será importante porque poderá repor, com maior facilidade, o baixo estoque que o país tem de milho (1,4 milhão de toneladas), e atingir pelo menos o patamar que considera ideal (4 milhões de toneladas).

“Deveremos voltar a um bom patamar, com estoque entre 4 e 5 milhões de toneladas de milho”, disse. Disse. “Na reunião [coletiva de imprensa], eu ia ressaltar que, pela primeira vez teremos a produção de milho superando a de soja”, completou o diretor da Conab.

Porto avaliou que a superação da safra de milho em relação à de soja tem como origem a alta de preço do grão na época do plantio. “O preço [do milho] estava artificial, e isso acabou incentivando os produtores”, disse. “Só que agora os preços já estão caindo. Nós alertamos que isso ia acontecer, logo que tivemos a colheita da primeira safra. Sugerimos que os produtores vendessem o milho já no primeiro semestre, porque todas análises indicavam a queda de preço a partir do segundo [semestre]”.

A baixa de preço do milho prevista pela Conab deverá, segundo o diretor, beneficiará tanto o consumidor como os produtores de carne suína que usam o milho como ração. “Este era um setor que estava no vermelho por causa da alta de preço”, acrescentou.

 

Edição: Aécio Amado