Catadores do Aterro Sanitário de Gramacho não ficarão sem trabalho, diz associação

04/06/2012 - 20h06

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Ana Carla Mistaldo, de 36 anos, mãe de três filhos, durante quase duas décadas teve como principal fonte de renda a coleta de materiais recicláveis do Aterro Sanitário Jardim Gramacho, na Baixada Fluminense. O fechamento do lixão no domingo (3), depois de 34 anos de funcionamento, no entanto, abriu para ela e para mais 1,7 mil catadores novas oportunidades.

A diretora financeira da Associação de Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, Gloria Cristina dos Santos, disse que desde o anúncio do fechamento do aterro os catadores se prepararam para não ficar sem ocupação e sem renda, em média, de R$ 1 mil por mês. Além dos cursos e da indenização de R$ 14 mil - paga em cota única –, eles reivindicaram das autoridades apoio para montar um polo de reciclagem que lhes permita continuar trabalhando com o lixo.

"Perguntamos o que as pessoas queriam fazer e um quarto quis ficar aqui", explicou a diretora."Com o pagamento das indenizações, vamos incentivar que essas pessoas participem agora das qualificações, e fiquem conosco", completou. Cerca de 500 catadores devem integrar o polo, os demais decidiram investir em negócios próprios ou voltar para o mercado de trabalho.

O polo de recicláveis será uma expansão da estrutura que já funciona na associação, às margens da Rodovia Washington Luís. Ele terá sete galpões dos quais três para o beneficiamento de material reciclável. A ideia, explica Glória, é vender produtos direto para as empresas, pulando intermediários e gerando mais renda.

Para isso, segundo ela, também será necessário que o Poder Público entregue, conforme prometido, caminhões para fazer a coleta dos resíduos recicláveis e invista em tecnologia. "Como teremos uma produção menor de recicláveis, visto que Jardim Gramacho foi fechado, precisaremos entregar ao mercado um material mais trabalhado, e precisaremos de equipamentos mais modernos", ressaltou.

Os galpões começam a ser construído em duas semanas e ficam prontos em novembro. Até lá, famílias como a de Ana Carla se manterão com a perspectiva de um negócio mais lucrativo. "Nossa renda baixará muito porque falta produtos da coleta seletiva", disse. "Mas quem não tem condições de se qualificar, está velho, ou não quer, como eu, tem que esperar o polo".

A indenização de R$ 14 mil para os 1,7 mil catadores foi paga pela prefeitura do Rio, que despejava cerca de 10 mil toneladas de lixo no aterro por dia. Agora, o lixo dos cariocas será levado para o Centro de Tratamento de Seropédica, que não permite a entrada de catadores.

 

Edição: Aécio Amado