Se Brasil crescer 2,7% este ano, pode comemorar, diz economista

01/06/2012 - 23h15

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O cenário internacional pode dificultar o crescimento econômico do Brasil nos próximos meses, na avaliação do presidente da Ordem dos Economistas do Brasil, Manuel Enriquez Garcia. “Se chegarmos neste ano a 2,7%, igual crescimento do ano passado, aí temos muito a comemorar. A preocupação é que o Brasil venha a crescer menos do que no ano passado”, ressaltou Garcia, que é professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Nos três primeiros meses de 2012, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,2%, como foi divulgado hoje (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o professor ,“existem nuvens negras” no horizonte que podem causar turbulências na trajetória econômica do país. Um dos principais problemas à vista é uma possível piora da situação da Grécia, que terá eleições neste mês. “ Tudo pode acontecer na Grécia, desde a saída da Grécia do euro ou então a Grécia não sai do euro, mas dá o calote na dívida”, disse.

A deterioração do cenário grego poderia, na opinião do professor, se somar a outros fatores, com as dificuldades enfrentadas pelo sistema bancário espanhol. “Isso pode causar uma forte contração da economia mundial, com sérios reflexos no Brasil”, alertou.

Para Garcia, outro problema é que o consumo das famílias, aposta do governo para aquecer a economia, parece ter chegado a um “patamar máximo”, esgotando a eficácia desse tipo de política. “Em um determinado momento do tempo, as famílias responderam, compraram mais máquinas de lavar roupa, televisores, geladeiras, automóveis. O setor da construção civil também teve um bom desempenho em 2010. Só que a partir de 2011, principalmente no segundo semestre, essas medidas passaram a não dar mais certo”, disse o economista.

Apesar desses fatores negativos, Garcia acredita que a expansão do PIB nos próximos meses será maior do que a verificada no primeiro trimestre. “O próximo trimestre será melhor do que o anterior, nisto não há a menor dúvida. No entanto, não está garantido que será melhor do que o mesmo trimestre de 2011”. A partir do segundo semestre, o economista prevê um desempenho ainda mais robusto para a economia brasileira.

Entretanto, mais investimentos em infraestrutura poderiam, na opinião de Garcia, ajudar a impulsionar o crescimento do PIB. “Da tempo de fazer, através do Programa de Aceleração do Crescimento [PAC], inúmeros outros projetos que gerem aumento na capacidade produtiva do país”, disse.

O economista defende ainda a destinação de recursos para educação formal e técnica, como forma de inserir mais pessoas no mercado de trabalho. “Nem todo o brasileiro que está em idade de trabalhar, está trabalhando”, disse. “ Há um campo enorme para que as mulheres possam entrar no mercado de trabalho através de diferentes cadeias produtivas”.

Edição: Fábio Massalli