Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As indústrias responsáveis por cerca de 80% das emissões de dióxido de carbono empregam pouco mais de 8% da força de trabalho nos países industrializados, segundo o relatório Rumo ao Desenvolvimento Sustentável: Oportunidades de Trabalho Decente e Inclusão Social em uma Economia Verde. O levantamento, divulgado hoje (31), mostra que o atual modelo de desenvolvimento não tem mais eficiência na geração de emprego e trabalho decente no mundo.
Especialistas de quatro organismos internacionais ligados ao mercado de trabalho e à questão ambiental dizem que “uma parte dessas pessoas pode perder seus empregos se não forem adotadas políticas adequadas para promover os empregos verdes”.
Segundo estimativas apresentadas no documento, se os países insistirem nos moldes de produção e consumo de hoje, em duas décadas o nível de produtividade dos países, em todo o mundo, cairá 2,4%. Outros estudos citados no documento mostram ainda que, associado ao impacto no mercado de trabalho, o atual modelo econômico vem produzindo perdas constantes dos ecossistemas que começam a afetar a produção.
De acordo com o relatório, no setor de pesca, por exemplo, os trabalhadores vão sofrer, temporariamente, os efeitos com a sobrepesca, o que pode exigir a redução de capturas para permitir a recuperação dos estoques. Na atividade, 95% dos 45 milhões de trabalhadores empregados são pescadores artesanais em países em desenvolvimento.
“O uso excessivo dos recursos naturais já provocou grandes perdas, incluindo mais de 1 milhão de empregos para os trabalhadores florestais, principalmente na Ásia, devido a práticas inadequadas de gestão sustentável das florestas”, alertam os pesquisadores.
Se, de um lado, a pesquisa aponta expectativas negativas sobre o mercado de trabalho, por outro indica que mudanças de padrões econômicos, com estímulos e políticas para a implantação de uma economia verde, permitem outro cenário. No setor da agricultura, que emprega mais de 1 bilhão de trabalhadores no mundo, inclusive produtores familiares, o estudo mostra que mudanças nas práticas podem garantir segurança alimentar, tirar milhões de pessoas da pobreza e reduzir a migração das zonas rurais para os centros urbanos.
Edição: Graça Adjuto