Polícia Federal vai ouvir funcionários da Casa da Moeda sobre desaparecimento de cédulas

28/05/2012 - 19h20

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Todos os funcionários da Casa da Moeda do Brasil (CMB) que operam os equipamentos de embalagem e lacre de dinheiro, ou que trabalham em torno dessa operação, deverão ser ouvidos pela Polícia Federal (PF) no processo que investiga o sumiço, em janeiro do ano passado, de 100 notas de R$ 50.

O superintendente da Diretoria de Administração e Finanças da CMB, Álvaro de Oliveira Soares, disse hoje (28) à Agência Brasil que as imagens gravadas pelas câmeras instaladas no setor de embalagem dos lotes de cédulas mostrara funcionários que fizeram movimentos não usuais para a atividade.

Segundo ele, tão logo foi detectado o desaparecimento das cédulas, a CMB determinou uma inspeção nos equipamentos de impressão para identificar se ocorreu algum problema. “Porque, quem trabalha em gráfica, principalmente gráfica de segurança e com alta escala de produção, tem dificuldade. Uma folha ou cédula pode ficar presa a outra, ou coisa desse tipo. Então, a primeira instância é fazer uma varredura na própria área”.

Como um problema dessa ordem não foi identificado, a empresa decidiu abrir um processo de sindicância, em fevereiro de 2011, que concluiu não existir provas suficientes para apontar algum culpado, mas apenas indícios, que deveriam ser apurados com mais profundidade, relatou Soares.

Foi aberto então um processo administrativo disciplinar, cuja conclusão não diferiu muito da sindicância. “Embora algumas imagens identificassem algum tipo de suspeita, não levava a uma prova cabal”. Disse. De acordo com Soares, o inquérito foi encerrado no fim do ano passado, mas a Polícia Federal só foi acionada entre março e abril deste ano.

O superintendente explicou que o período coincidiu com a troca do comando na CMB. O presidente atual, Francisco Franco, verificou que existia essa pendência e determinou à área jurídica que encaminhasse o processo à Polícia Federal. O material recolhido inclui os filmes e a lista de funcionários suspeitos.

O programa de produção da CMB no ano passado alcançou 3,5 bilhões de cédulas. Soares disse que, para este ano, a projeção é totalizar 4 bilhões de notas. “Tudo isso leva a modificações de fluxo, de layout. É um volume gigante, compatível com países de dimensões continentais, como os Estados Unidos, a Rússia”.

Ele acrescentou que o fato de ter um sistema de controle que detecta o sumiço de 100 cédulas “em um processo produtivo que está transitando entre 3,5 bilhões e 4 bilhões de cédulas, é porque ele é muito bom. Isso não quer dizer que se aceite que desapareça uma cédula”. Soares defendeu que o sistema é fundamental para que se introduzam melhorias contínuas na qualidade, fiscalização e controle de produção. “Ou seja, por melhor que seja o nosso controle, a gente tem uma meta em que aprende diariamente. Principalmente, se existe um erro”, disse.

A CMB, segundo o superintendente, vai acompanhar de longe a investigação da Polícia Federal. “A gente não pode, nem deve interferir ou ficar muito próximo”, disse Soares. A Polícia Federal informou, por meio de sua assessoria, que o inquérito já foi instaurado e está sendo conduzido pela Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros.

 

Edição: Aécio Amado