Executivo sugere parceria dos setores público e privado para estimular inovação no setor de tecnologia da informação

28/05/2012 - 18h17

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Desonerar a folha de pagamento e baixar impostos não são medidas suficientes para aumentar os investimentos em pesquisa e inovação no Brasil, avaliou hoje (28) à Agência Brasil o chefe de Negócios e Inovação da empresa sueca Ericsson, Jesper Rhode. Para ele, o governo federal deveria investir na qualificação de funcionários das empresas, por meio da concessão de bolsas de estudos, em parceria com o setor privado.

"É uma tarefa a quatro mãos", declarou Rhode durante a Conferência da Inovação Brasil-Suécia, que se estenderá até sexta-feira (1º), no Rio. O evento discute o investimento em pesquisa de tecnologias para o desenvolvimento sustentável.

De acordo com o executivo da empresa de tecnologia da informação, parcerias com o governo na área de tecnologia e inovação são fundamentais para dar início ao investimento em pesquisa por parte das empresas. "É dinheiro público que beneficia o setor privado a enfrentar uma barreira. Depois, ocorre uma inércia e o retorno, o investimento, vem por si só", disse.

Ele citou o exemplo da Ericsson, que fez acordo com universidades públicas que se desdobrou "na geração de tecnologia competitiva com um custo-benefício global". Com as vantagens para a empresa, o aporte do programa foi também maior do que o previsto inicialmente. Agora, eles defendem uma política para formação de funcionários por meio da concessão de bolsas de estudo.

Para estimular a indústria do setor de tecnologia da informação no Brasil, Rhode sugeriu a criação de um polo de produção concentrando fornecedores de componentes, além de defender a redução de impostos e a desoneração da folha de pagamento para que possam ser ofertados salários mais altos aos funcionários. O objetivo, segundo ele, seria facilitar a importação de produtos para montagem de laboratórios.

"No Sul da China, existe grande número de empresas que participa das mesmas cadeias de produção e isso representa uma grande vantagem", avaliou. Para Rhode, o Brasil precisa criar mecanismos para competir com grandes mercados exportadores, com o chinês.

As cidades de Recife e Fortaleza – onde já se instalaram empresas do setor e onde as pesquisas em parceria com a empresa estão avançando nas universidades Federal do Ceará e Federal de Pernambuco – foram apontadas pelo executivo como promissoras. "Não precisa ser necessariamente São Paulo", acrescentou, sobre a região onde já estão fornecedores.

A Ericson investe atualmente 14,4% de seu orçamento em pesquisa e inovação. No Brasil, a meta é expandir a produção, com foco na tecnologia 3G (internet móvel de alta velocidade), mirando nos mercados da América Latina e da África. Atualmente, a metade do que é produzido pela empresa no país é exportada. "Para nós, o Brasil é interessante como plataforma", concluiu o executivo.

Edição: Lana Cristina