Mantega nega aval do governo para venda da Delta e diz que pacote de ontem vai levar tempo para fazer efeito na economia

22/05/2012 - 15h56

Daniel Melo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a negar que o governo tenha dado aval à compra da Construtora Delta pela holding J&F, controladora do frigorífico JBS, um dos maiores, que tem o BNDES como financiador e acionista e cujo presidente do Conselho Administrativo é o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. Segundo o ministro, não foi dado o aval porque trata-se de um negócio privado e há várias investigações em curso sobre os problemas da construtora na Controladoria-Geral da União e na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira.

“O apoio que teria sido dada pelo governo foi desmentido. A posição do governo da presidenta Dilma [Rousseff] é não dar aval a esse tipo de negócio porque terá o envolvimento nos problemas que lá existem”, disse.

O ministro da Fazenda participa, desde as 10h40, de audiência pública no Senado Federal para falar das novas regras de cálculo da caderneta de poupança na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). As medidas constam da Medida Provisória nº 567.

Na a audiência, o ministro respondeu também a perguntas sobre a atual situação da economia e as medidas anunciadas ontem (22) para estimular a venda de automóveis, a oferta de crédito e a produção de ônibus e caminhões.

Mantega admitiu que as medidas adotadas pelo governo para estimular a economia não irão provocar impactos imediatos na economia, pois cada uma delas precisa de um tempo específico para produzir efeitos. “As medidas demoram para entrar em ação. É claro que, se houver um cataclismo, as coisas mudam. Mas não esperamos isso”, disse.

Sobre a dificuldade para reduzir os juros no Brasil, Mantega admitiu que o setor financeiro é muito concentrado no país e isso dificulta a concorrência. Essa concentração, para o ministro, justificou a necessidade de usar os bancos públicos para pressionar o segmento a reduzir as taxas.

O ministro também falou sobre a saída de capitais do Brasil. Segundo ele, esse movimento tem sido mínimo, mesmo diante da crise internacional e das medidas que o governo vem adotando para tentar aquecer a economia.

Mantega foi convidado para ir ao Senado para explicar as novas regras de correção da poupança. A mudança na remuneração, no entanto, só vai ocorrer quando a taxa básica de juros, a Selic, estiver abaixo de 8,5% (inclusive) ao ano. Nesse caso, o rendimento passa a ser 70% da Selic mais a Taxa Referencial (TR) Como a Selic está em 9% ao ano, a correção se dá pelas regras originais, de 0,5% ao mês mais TR.

Edição: Vinicius Doria