Medidas de estímulo ao crédito não aumentarão inadimplência nem inflação, diz Mantega

21/05/2012 - 22h19

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – As medidas de estímulo ao crédito e à compra de veículos não provocarão o aumento da inadimplência nem da inflação, disse hoje (21) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo ele, a criação de empregos e a redução de juros farão com que o aumento do investimento seja acompanhado da expansão do consumo, mesmo que em níveis menores que o observado em 2010.

Na avaliação do ministro, o aumento de renda dos trabalhadores e a entrada de novos empregados formais no mercado impedirá que os consumidores percam o controle e deixem de pagar as prestações. “Os novos trabalhadores têm a capacidade de adquirir bens, e a economia vai se movimentando, de modo que não haja excesso de endividamento. As medidas de estímulo mais o crescimento da atividade econômica [a partir do segundo semestre] farão com que a inadimplência acabe sendo reduzida no país”, declarou Mantega.

O ministro também negou que uma eventual explosão no consumo provocada pelo destravamento do crédito e pelas reduções de impostos pressione a inflação. “Estamos reduzindo o custo tributário, que se reflete em preços menores. Isso é deflação, não inflação”, ressaltou. Ele acrescentou que, diferentemente de 2010 e 2011, o Brasil não está sofrendo com o encarecimento das commodities (bens agrícolas e primários com cotação internacional) e descartou o risco de aquecimento excessivo da economia.

Em relação ao aporte de R$ 45 bilhões para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), anunciado no início de abril como parte do pacote de estímulo à indústria, Mantega disse que o Tesouro emprestará os recursos, mas informou que ainda não há prazo para isso ocorrer. “O escalonamento [da transferência dos recursos] é um detalhe técnico, que não vem ao caso. O BNDES informará ao Tesouro quando vai precisar de títulos para ampliar o capital”, declarou.

Sobre o desempenho da linha de crédito para a compra de materiais de construção com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o ministro admitiu que a Caixa Econômica Federal enfrenta dificuldades em emprestar o dinheiro. “Ninguém consegue pegar empréstimos porque há muitas exigências e condicionalidades, mas estou conversando com a Caixa para destravar essa linha”, declarou o ministro. A linha foi criada em janeiro.