Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Alvo de críticas por causa da postura que adotou diante das denúncias envolvendo as relações do empresário goiano Carlinhos Cachoeira com autoridades públicas, como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse hoje (8) que há pessoas interessadas em desmoralizá-lo por causa do julgamento do mensalão. Para Gurgel, "é compreensível que algumas pessoas ligadas a mensaleiros tenham essa postura de querer atacar o procurador-geral".
O procurador-geral da República se referiu às criticas que recebeu por não ter apresentado, em 2009, denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador Demóstenes Torres, cuja relação com o empresário goiano Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi flagrada pela Operação Vegas, da Polícia Federal. Cachoeira é suspeito de comandar uma rede de exploração de jogos ilegais e de traficar influência.
“O que nós temos são críticas de pessoas que estão morrendo de medo do julgamento do mensalão. São pessoas que, na verdade, aparentemente, estão muito pouco preocupadas com a questão do desvio de recursos e a corrupção”, disse Gurgel, no intervalo da sessão desta tarde no STF. “São desvios de foco que eu classificaria, no mínimo, como curiosos”, completou.
Gurgel acredita que está em curso uma tentativa de imobilizá-lo para que não possa atuar devidamente tanto no caso Cachoeira e como no julgamento do mensalão, que deve ocorrer ainda este semestre. “É compreensível que algumas pessoas ligadas a mensaleiros tenham essa postura de querer atacar o procurador-geral e, até como já foi falado, atacar também ministros do STF com aquela afirmação falsa de que eu estaria investigando quatro ministros do Supremo”, desabafou.
Embora tenha evitado citar nomes de supostos detratores do Ministério Público, Gurgel fez uma relação direta entre as acusações contra ele e o processo do mensalão. “Eu apenas menciono que há pessoas que já foram alvo do Ministério Público e que, agora, compreensivelmente, querem retaliar porque foram atacadas pelo MP e que têm notória relação com pessoas como réus do mensalão”.
Edição: Vinicius Doria