Mudança na remuneração da poupança foi solução tecnicamente adequada, avalia economista da PUC-RJ

03/05/2012 - 20h55

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A decisão do governo federal de atrelar a remuneração da poupança à taxa básica de juros (Selic) foi “uma boa solução, tecnicamente adequada”, disse hoje (3) à Agência Brasil o economista Luiz Roberto Cunha, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

A medida, segundo ele, abre espaço para uma possibilidade de diminuição maior da Selic. O economista observou que caso a mudança não tivesse sido feita, as chances de reduzir mais a Selic seriam diminuídas.

Segundo Cunha, a caderneta de poupança continua tendo uma remuneração adequada na concorrência com outros ativos financeiros. “E se você tiver que ter uma alta da Selic, por alguma razão, como inflação mais alta, não dará à poupança um ganho maior do que ela tinha no passado”.

A grande razão da medida anunciada pelo governo, avaliou, é que ela tirou um impedimento forte para a possibilidade de uma redução maior da taxa básica de juros. “Não quer dizer que isso vai ocorrer, embora o mercado esteja acreditando nisso. Mas você tirou um impedimento técnico, de mercado, que havia, que era a remuneração da poupança”.

Cunha esclareceu que se houvesse uma diminuição da Selic abaixo de 8,5%, a poupança iria atrair aplicações financeiras em volume muito alto, o que faria o mercado de aplicações financeiras ficar “desbalanceado”. Acrescentou que não há razão para todo mundo aplicar na poupança. “Então, você criou um mecanismo técnico que liberou a possibilidade, se as condições permitirem, de redução maior da Selic, sem que o aplicador da poupança seja prejudicado”.

O economista explicou que quando a Selic cai, todas as outras aplicações financeiras de juros têm remuneração menor. Por isso, disse que não havia razão para o aplicador na poupança ter uma remuneração garantida mais alta.

 

Edição: Aécio Amado