Autora comenta a importância de vencer o Prêmio Brasília de Literatura

18/04/2012 - 20h32

Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

Brasília - Vencedora da categoria infanto-juvenil do 1º Prêmio Brasília de Literatura com a obra Sortes de Villamor, a escritora carioca Nilma Lacerda destacou a importância dos concursos como este feito simultaneamente à 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, que ocorre em Brasília (DF) até o próximo dia 23.

"Um prêmio permite que o autor tenha um pouco mais de conforto e possa dedicar mais tempo à escrita. Sempre há alguma repercussão, o que leva os editores a prestarem maior atenção a estes escritores ao menos por um tempo, gerando a possibilidade de uma produção que dê a quem tem acesso ao livro a opção de ler literatura de qualidade". Pelo primeiro lugar na disputa entre 506 inscritos, Nilma recebeu um troféu e R$ 30 mil.

Para a escritora, os autores que prezam pela qualidade nem sempre obtêm reconhecimento comercial, mesmo quando premiados. "Nem sempre os autores que oferecem um texto mais refinado vendem bem. São autores de excelência e ler sua obra exige um esforço maior", declarou à Agência Brasil.

Autora de mais de uma dezena de livros, sendo cinco deles para o público infanto-juvenil, Nilma Lacerda confessa ter certa dificuldade para escrever para crianças. Não por causa da linguagem, já que diz não ter dúvidas de que os jovens, apesar de menos experiência, estão aptos a apreciar um texto de qualidade que não seja simplista.

"Minha dificuldade está mais relacionada às minhas experiências. Eu sinto precisar de um leitor sofisticado, já que, na maioria das vezes, minha forma de comunicar pede uma intervenção muito grande do leitor, uma experiência de mundo que o permita construir determinados sentidos a partir do que escrevo", diz a autora de Dois Passos Pássaros. E o Vôo Arcanjo, livro juvenil que trata do suicídio de uma mãe, narrado por seu marido e filhos, um deles excepcional. "A morte é um tema tabu na literatura para crianças".

Nilma diz que os jovens brasileiros estão lendo bastante, embora obras de pouca qualidade. "Viajo bastante pelo Brasil, dou muitos cursos e vejo que os jovens lêem bastante. Só que, hoje, há uma oferta muito grande não só de opções de leitura, mas de entretenimento em geral. E ler literatura de qualidade é trabalhoso. Existe prazer, óbvio, mas ao ler um bom texto nós construímos o sentido, acessamos a outros textos que já lemos. A televisão, a auto-ajuda, o best-seller e o blockbuster vão ser sempre mais fáceis", acrescentou a autora, defendendo que há hoje, no Brasil, vários autores comprometidos em oferecer uma experiência estética aos jovens.
 

Edição: Rivadavia Severo