Gurgel pede ao STF abertura de inquérito para apurar envolvimento de parlamentares com jogos ilegais

27/03/2012 - 20h55

Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhou no início desta noite (27) pedido para que o Supremo Tribunal Federal (STF) abra inquérito para investigar o envolvimento de parlamentares com a exploração ilegal de jogos em Goiás.

O procurador informa que pediu ao STF o desmembramento do inquérito em três frentes. A primeira é apenas para apurar a conduta do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), pois, segundo Gurgel, há diversos indícios que indicam ligação do político com pessoas envolvidas na atividade.

Outro inquérito será utilizado para investigar a participação de “dois ou três” deputados no esquema. Gurgel preferiu não dizer a quantidade exata de políticos ou quais são os alvos do Ministério Público. Ele disse apenas que os políticos "vem sendo citados pela imprensa".

A terceira frente é para investigar os demais envolvidos, que não têm prerrogativa de foro e cujos casos devem ser enviados à Justiça Federal em Goiás.  

Gurgel informa que os únicos suspeitos com prerrogativa de foro são do Legislativo, mas não citou nomes alegando que o caso tramita sob sigilo. No entanto, confirmou que todos os indícios gravitam em torno do “personagem-chave” Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

O procurador também não entrou em detalhes sobre os pedidos de diligências encaminhados ao STF,  deixando dúvidas se pediu ou não a quebra de sigilo bancário de Demóstenes e dos outros envolvidos. No entanto, ele garantiu que não pediu novas prisões. Cachoeira e mais 34 pessoas foram presas no mês passado após a deflagração da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

Gurgel voltou a explicar os motivos que retardaram o pedido de abertura de inquérito no STF, já que recebeu as primeiras informações sobre o envolvimento de políticos com Cachoeira ainda em 2009. Segundo o procurador, os dados iniciais eram insuficientes, e os indícios mais robustos chegaram apenas com a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Ele disse que só recebeu o material completo dessas apurações há cerca de duas semanas.

Gurgel também esclareceu que as gravações da operação são de um período recente, quando Demóstenes já não era integrante do Ministério Público. Foram pelo menos dez meses de gravações, e o procurador ressaltou que o material era tão extenso que grande parte ainda não tinha sido degravada pela Polícia Federal.

Perguntado se considera graves os indícios colhidos pelas interceptações telefônicas, Gurgel se limitou a dizer que são “graves o suficiente para pedir a abertura de inquérito no STF”.

Edição: Nádia Franco e Lana Cristina//Matéria ampliada às 20h50