Empresa pública de gestão da pesquisa e inovação industrial é prioridade, diz Raupp

16/03/2012 - 21h32

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação está trabalhando para que comece funcionar o quanto antes a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), instituição que terá o papel de estimular a parceria com o empresariado nacional na área da inovação. A afirmação é do ministro da pasta, Marco Antônio Raupp, que esteve hoje (16) reunido com empresários da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Segundo ele, a Embrapii é uma das prioridades de sua gestão.

A nova organização seguirá o modelo de funcionamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ao tomar posse, em janeiro passado, Raupp disse que a “Embrapa da Indústria” vai colocar à disposição das empresas laboratórios de tecnologia como o do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado à Universidade de São Paulo (USP), do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e centros de alto desempenho do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Segundo ele, a Embrapii “vai articular e estimular a demanda empresarial no país todo, em pesquisa, desenvolvimento, serviços tecnológicos”. Raupp destacou que a articulação da demanda será feita com a oferta existente no país ou no exterior.

O objetivo é que “as empresas tenham uma estrutura da parte do governo que ofereça soluções para várias questões tecnológicas que sejam colocadas”. Raupp lembrou que o modelo da Embrapa de gerar tecnologia teve um efeito significativo no agronegócio brasileiro. “Estamos hoje nos primeiros lugares em quase todos os produtos [que envolvem tecnologia agrícola]. Algo desse porte tem de ser feito para a indústria e nós estamos começando isso”.

O ministro lamentou que as empresas não invistam muito em pesquisa e desenvolvimento no país e reconheceu que isso ocorre por fatores como o elevado custo Brasil e a falta de estímulos tributários. Por outro lado, disse Raupp, “nenhum governo gosta de abdicar das suas receitas, que são receitas tributárias”.

Qualquer desoneração, a título de medida de estímulo, de acordo com Raupp, deverá ser adotada desde que se saiba onde há perdas ou ganhos, se será estimulada a geração de empregos a partir da pesquisa, se haverá desenvolvimento de mais produtos, maior ganho e mais recolhimento de impostos. “Esse balanço é que tem de ser feito. E não cortar sem saber direito qual é a consequência disso. Isso tem de ser feito caso a caso e analisando todo o efeito na cadeia de produção”.

Raupp recebeu do presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, um documento contendo reivindicações do setor industrial fluminense para a política de ciência, tecnologia e inovação. Entre elas, destacam-se a realização de estudo do governo, em parceria com a indústria, sobre o uso do poder de compra em novos setores estratégicos; isenção da incidência de tributos em bolsa paga por instituição privada; garantia de que parte dos recursos provenientes dos royalties do pré-sal seja destinada a apoiar o aumento da competitividade produtiva no país, com base em programas e projetos inovadores; fortalecimento da engenharia nacional; ampliação do esforço de qualificação no ensino de matemática.

Gouvêa Vieira disse que as reivindicações constituem uma agenda que o empresariado está construindo há algum tempo, com o objetivo de “unir justamente a academia, a pesquisa e a tecnologia às empresas, para ver como nós podemos ajudar para que as coisas caminhem juntas para a melhor produtividade brasileira”.

Edição: Lana Cristina