Rio+20 ampliará espaço de atuação para governos, diz subsecretária

08/03/2012 - 13h18

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que ocorre no Rio em junho próximo, traz boas perspectivas para o estado “e outros governos subnacionais”, que terão espaço para atuar, disse a subsecretária de Economia Verde da Secretaria do Ambiente do Rio, Suzana Kahn.

Para ela - que é também professora da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) -, esse espaço é importante diante da dificuldade de firmar compromissos com todas as partes, com conteúdo mais forte e que envolva os países, no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU). “Eu acho que isso tudo nos dá uma oportunidade de fazer algo diferente”.

Na avaliação da subsecretária, que representa o governo fluminense na Comissão Nacional para a Rio+20, o grande desafio da conferência é superar uma visão de curto prazo, “que habitualmente se tem nessas reuniões, para colocar o mundo no trilho do desenvolvimento sustentável”.

Ela observou que a crise econômica que o mundo está vivenciando, sobretudo a Europa, representa um custo, porque esses países são os maiores financiadores. Por outro lado, a crise demonstra que o modelo que vinha sendo utilizado até então foi esgotado.

Este é o momento adequado para repensar a trajetória que se quer seguir, destacou. Entram na discussão todas as questões e conceitos associados à economia verde, à valorização dos recursos naturais, à qualidade de vida, aos novos indicadores de crescimento econômico “que não seriam simplesmente o Produto Interno Bruto (PIB) tradicional”. Para a professora, o momento de crise é adequado para esse tipo de reflexão.

A subsecretária disse ainda que as áreas econômica e social podem sair beneficiadas da conferência. “Quando se fala em desenvolvimento sustentável, a questão, de certa forma, está contemplada por todas as convenções e protocolos. É o momento de juntar e tentar convergir as áreas do desenvolvimento sustentável que não têm um fórum adequado”.

Suzana Kahn descartou que as decisões que vierem a ser tomadas na Rio+20 possam surtir efeito imediato para os cidadãos de todo o mundo. Lembrou que alguma modificação trazida pelos acordos firmados recentemente é pouco percebida. Ela acredita que a visão mais próxima está associada à questão de investimentos focados em novas tecnologias, à inclusão social, à erradicaçao da pobreza. “Dificilmente o cidadão comum, ao término da conferência, vai ver que algo mudou na vida dele”.

As consequências devem ocorrer a médio e longo prazos. “Para mudar a trajetória, as decisões têm de ser tomadas de imediato. Mas as principais decisões tomadas de imediato são no âmbito de políticas de  governo e muito do setor privado”. A sociedade tem um peso nisso, em influenciar decisões, sugeriu.

Suzana destacou também o poder que as populações devem exercer para cobrar respostas ao seu voto. O político eleito pelo povo tem que responder às necessidades de quem o elegeu. “O cidadão comum tem o poder do voto e deve cobrar”. Não há, entretanto, reiterou, nenhuma decisão imediata da Rio+20 que vá provocar uma grande mudança para os cidadãos. Fazem diferença, contudo, decisões que determinem o uso dos recursos naturais de maneira mais eficiente, a reciclagem de material, o menor consumo. Para ela, individualmente, é difícil perceber isso.

Outro tema fundamental que será discutido na Rio+20 é a mudança comportamental. “É impossível o mundo continuar consumindo, principalmente as pessoas que estão chegando agora ao mercado de consumo, da mesma forma que cidadãos de classe média de países ricos. É insustentável. Há que se mudar esse padrão de consumo".

A subsecretária observou que quem tem uma demanda reprimida vai consumir mais. Defendeu, porém, que essa mudança comportamental deve ser feita coletivamente. Em um primeiro momento, esse trabalho deve ter foco na educação e na conscientização dos povos. "Essas ações são de competência dos governos, embora a sociedade tenha que fazer também a sua parte. É o coletivo que vai fazer a diferença”. 

Edição: Graça Adjuto