Mercado ignora extensão do IOF nos empréstimos externos e dólar volta a cair

01/03/2012 - 20h37

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O mercado ignorou a extensão do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% para as operações externas de câmbio com liquidação em três anos, anunciada hoje (1º) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. O dólar caiu 0,46% no pregão desta quinta-feira e devolveu parte da valorização de 1,25% obtida na véspera, de acordo com o analista Eduardo Matsura, da Corretora Souza Barros.

Ele disse à Agência Brasil que os analistas em geral aguardavam “medidas mais incisivas” de combate à desvalorização do dólar. Expectativa que levou a moeda norte-americana a esboçar reação no último pregão de fevereiro, depois de seguidas quedas. Como o alcance da medida anunciada é praticamente inócuo, segundo ele, “o mercado reagiu com uma certa apatia, não houve reação nenhuma”, e o dólar caiu mais um pouco, fechando em R$ 1,712 para venda.

Especialista em mercado financeiro, o economista Victor José Hohl, do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal, ressaltou que “a medida é fraca e ajuda pouco”. Na concepção dele, é provável que o Ministério da Fazenda tenha ampliado a cobrança do IOF nas operações de três anos para sentir o possível resultado da medida e adotar outros remédios mais à frente, como a gradativa redução da taxa básica de juros (Selic).

Victor Hohl destaca, porém, que a situação é complicada. Se o Comitê de Política Monetária (Copom) baixar a Selic bruscamente, vai provoca inflação. Por outro lado, acrescentou, há excesso de liquidez no mercado mundial, provocado pelas emissões de dólares nos Estados Unidos e de euros na Europa para salvar os bancos deles.

O economista explicou que esse dinheiro procura aplicações rentáveis pelo mundo, e o Brasil é o país que paga melhor taxa de juros. Daí a enxurrada de dólares especulativos no país. Hohl alerta que não adianta o Banco Central comprar moeda norte-americana para "enxugar o mercado" porque as compras têm um custo de carregamento excessivamente alto para o país, com a emissão de títulos que aumenta mais ainda a dívida pública.

Edição: Vinicius Doria