OAB de Ponta Porã acompanhará investigações sobre assassinato de jornalista

28/02/2012 - 12h14

Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

Brasília - Uma comissão composta por três advogados ligados à Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Ponta Porã (MS) vai acompanhar o inquérito policial que apura o assassinato do jornalista Paulo Rocaro, morto a tiros no último dia 12.

A comissão especial servirá para assegurar que sejam devidamente cumpridas todas as medidas necessárias para a identificação dos assassinos e para a resolução do crime, como perícias e interrogatórios, entre outros procedimentos.

Criada por meio de uma portaria assinada pela presidenta da 5ª Subseção da OAB, Nina Negri Schneider, a comissão é formada pelos advogados André Orue Andrade, João Batista Sandri e Ricardo Soares Sanches Dias.

Ontem (27), Nina Negri se reuniu com o presidente do Clube da Imprensa de Ponta Porã, o radialista Diovano Cézar. Ele relatou que os profissionais da área que atuam no estado estão preocupados diante das notícias de que outros jornalistas e radialistas estão sofrendo ameaças por conta de seus trabalhos.

Filiado ao PT de Ponta Porã (MS), Rocaro havia participado de uma reunião política e voltava para casa quando, no final da noite do dia 11, foi alvejado por dois motoqueiros que dispararam ao menos 12 vezes contra seu carro e fugiram sem levar nada. O crime ocorreu em uma avenida do centro da cidade. Atingido por vários tiros de pistola calibre 9 milímetros, o jornalista foi levado para o hospital mais próximo, mas não resistiu aos ferimentos.

Além de fundador do site Mercosulnews, Rocaro era editor-chefe do Jornal da Praça, em que trabalhava há quase 30 anos. Ele também publicou três livros, entre eles um sobre a atuação de grupos de extermínio na fronteira Brasil-Paraguai.

Rocaro foi o segundo jornalista brasileiro morto este mês. Quatro dias antes, o jornalista Mario Randolfo Marques Lopes e a companheira dele, Maria Aparecida Guimarães, foram mortos na cidade fluminense de Barra do Piraí (RJ). Um terceiro jornalista já havia sido morto em janeiro. Funcionário da Rádio Sucesso, de Camaçari, na região metropolitana de Salvador (BA), Laércio de Souza, de 40 anos, foi assassinado a tiros.

Entidades profissionais e de defesa dos direitos humanos, como a Sociedade Interamericana de Imprensa e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), condenaram os assassinatos e cobraram medidas para garantir a segurança dos profissionais da área.

No último dia (18), a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, referiu-se aos assassinatos de jornalistas como “crimes de extermínio” e cobrou do Congresso Nacional a aprovação da proposta que transfere à esfera federal a investigação e o julgamento dos crimes cometidos por milícias ou grupos de extermínio.

Edição: Juliana Andrade