Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A decisão sobre a manutenção ou suspensão da greve dos agentes de segurança pública do estado do Rio foi adiada para amanhã (13). Durante ato de repúdio às prisões de militares acusados de incitar o movimento, hoje (11) na orla de Copacabana, os manifestantes agendaram uma assembleia para esta segunda-feira, às 18h, no centro da cidade.
“Decisão certa. Na minha opinião, a ordem é o que foi dito aqui: que o governador [Sérgio Cabral] retire o aumento que deu, o que quer dar e tire 10% dos nossos salários, se a questão é essa, mas o mais importante é soltar os companheiros. O movimento é pacífico e ele está tratando como se fosse um movimento desordeiro”, disse o cabo Lopes, da Polícia Militar (PM).
“Estou de acordo porque não ficou definida a situação dos colegas que foram presos. A greve é pacífica e ordeira e a PM não deixou de atender à população em momento algum”, disse o sargento Silva Neto.
Mesmo com o anúncio da suspensão do movimento por parte da Polícia Civil, agentes da corporação participaram do ato de repúdio. O presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Fernando Bandeira, explicou que existem duas representações da categoria - o Sinpol, criado em 1993, e o Sindipol que, segundo histórico divulgado na página da entidade na internet, representa desde 2007 a reativação de uma instituição criada há quase 20 anos.
A representação da categoria hoje está dividida entre os dois sindicatos. Cada entidade contabiliza uma média de 1,5 mil policiais civis filiados. Bandeira criticou o anúncio de suspensão da greve feito ontem (11) pelo diretor jurídico do Sindpol e garantiu que a Polícia Civil continua no movimento.
“A decisão foi tomada em assembleia. A gente não pode tomar a decisão de sair da greve sem conversar com as outras categorias [bombeiros e Polícia Militar]. Essa ilegalidade de suspender a greve é um desrespeito até com os policiais civis”, protestou o presidente do Sinpol, reafirmando que a categoria continua com os atendimentos reduzidos e apoiando a pauta de reivindicações.
O sargento Paulo Nascimento, um dos líderes dos bombeiros, reafirmou a posição da categoria. “Temos que manter a greve, mas dentro da normalidade e legalidade. Repito que mantemos 30% dos atendimentos sendo feitos”.
A manifestação deste domingo, na Praia de Copacabana, teve uma participação tímida de militares. Ainda assim, policiais civis, militares e bombeiros mantiveram o ato que durou quase quatro horas, reafirmando o caráter “pacífico e ordeiro” que o movimento deve manter para ter continuidade e os protestos contra a prisão de vários militares que foram encaminhados ao Presídio de Segurança Máxima Bangu 1.
Uma comissão de mulheres de bombeiros e de policiais presos no complexo penitenciário estão organizadas para buscar o apoio do governo federal em Brasília, na próxima terça-feira (14). Mas, amanhã (13), essa comissão e outros parentes de militares presos terão uma reunião, às 10h, com representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro.
Emocionada, a estudante Ana Paula Fernandes Matias, mulher do sargento Matias, preso ontem sob acusação de não ter se apresentado ao trabalho, protesta. Ela garante que o marido estava no posto do Grupamento Marítimo (Gmar) na Barra da Tijuca, zona oeste da capital. Mas, como outros militares do Gmar, ele não usava o uniforme da corporação, em protesto.
“Estamos lutando por uma causa. Em momento algum abandonamos a população. Isso é uma covardia. O que eu falo para o meu filho, de 4 anos, que pergunta pelo pai, que é honesto, nunca respondeu a qualquer processo e está preso em um complexo de segurança máxima?”, disse, emocionada.
Edição: Graça Adjuto