Maia nega interferência do governo na decisão de retirar Funpresp da pauta da Câmara

09/02/2012 - 16h15

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), explicou hoje (9) por que recuou da decisão de convocar a sessão extraordinária para votar a proposta que cria a Fundação de Previdência Complementar dos Servidores Públicos Federais (Funpresp), prevista para ontem (8). Segundo ele, não havia acordo entre a base aliada e a oposição e até mesmo entre os partidos governistas. A atitude de Maia contrariou orientação do Palácio do Planalto, que queria a apreciação do tema.

Perguntado se havia telefonado para a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para tratar do assunto, Maia disse que não é obrigado a acatar todas as orientações do Executivo. “Não liguei [para a ministra Ideli Salvatti], isso cabe ao líder do governo, cabe às lideranças da Casa fazer esse contato com o governo. De mais a mais, vocês sabem quem tenho conduzido a Câmara da forma mais democrática possível. Escuto os líderes, procuro compor todas as votações, não me submeto às pressões do governo, nem da oposição, nem de setores da sociedade, embora escute a todos”, argumentou o presidente da Câmara.

O petista ainda ironizou o debate que foi travado na sessão de ontem, quando partidos da oposição queriam votar medidas provisórias e os governistas não. “Houve uma grande confusão, talvez pelo fato de líderes novos estarem chegando, a oposição defendendo a votação das medidas provisórias e o governo não querendo votá-las para votar exclusivamente o Funpresp. Para não aprofundar a dispersão e não permitir que entrássemos a madrugada adentro, no primeiro dia efetivo de trabalho, optei por dar um prazo maior para discussão da matéria”, justificou Maia.

Apesar de a decisão tomada ontem, de colocar em votação o Funpresp mesmo sem acordo, contrariar o governo, Marco Maia negou que esteja havendo uma crise na sua relação com o Planalto. “Tenho levado em consideração a opinião de todos no debate. Agora, a definição da pauta, como será conduzida a sessão e quando as pautas serão colocadas em votação são decisões do presidente da Câmara, que tomo de acordo com as minhas convicções.”

Maia argumentou que tem ouvido todas as lideranças e disse que voltou atrás na decisão por conta própria. “Tenho ouvido todos os líderes, mas o fato de ouvir não significa que tenho que acatar as opiniões, muito menos do governo. O governo tem opinião, posição, propõe, coloca sua opinião. Mas não sou obrigado em todos os momentos acatar as opiniões do governo. Nesse caso específico, a minha avaliação foi que não era prudente levarmos a votação no primeiro dia de trabalho da Câmara até as 3, 4 horas da manhã”, argumentou.

Edição: Lana Cristina// Matéria alterada para esclarecer informação às 10h02 de sexta-feira (10/02).