Prioridade dos bombeiros é localizar enfermeira desaparecida entre os escombros de prédio que desabou parcialmente

07/02/2012 - 17h58

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Localizar e resgatar a enfermeira Patrícia Alves, de 26 anos, é a prioridade das equipes do Corpo de Bombeiros que trabalham nos escombros de um edifício que desabou parcialmente na noite de ontem (6), na Avenida Índico, no centro da cidade. De acordo como tenente Marcos Palumbo, ainda não está descartada a possibilidade de ela estar viva dentro de um bolsão de ar sob os entulhos.

Para isso, segundo Palumbo, os bombeiros trabalham com máquinas de pequeno porte cedidas pela prefeitura. Elas permitem desenvolver a operação com a cautela exigida diante da possibilidade de encontrar a enfermeira com vida. As equipes também contam com a ajuda de dois cães farejadores. O tenente não soube precisar quanto tempo vai durar o trabalho porque, em função do ar que fica no meio dos escombros, o entulho dobra de volume. Somente no período da manhã foram retirados 40 caminhões de entulho.

O pai da enfermeira, Deusdetite Farias, disse que ontem, às 17h, falou com a filha pelo telefone. Segundo ele, ela trabalhava em um consultório médico no sexto andar do prédio, construído há 30 anos. O desmoronamento de parte do causou a morte de uma criança, de 3 anos idade, e deixou seis pessoas feridas.

A técnica de enfermagem Rosana Vieira Rodrigues é uma das pessoas que conseguiram escapar da tragédia. Ela disse que bebia água com uma amiga em uma lanchonete localizada no prédio, quando ouviu um estalo, viu tudo desmoronando e só teve tempo de empurrar amiga para fora da lanchonete e correr para a rua. Rosana que machucou o tornozelo, joelho e outras partes da perna. “Eu ainda caí e levantei rápido. Quando olhei para trás tudo estava caindo. Imagina você correndo e aquele monte de coisa caindo. Demos sorte porque nos jogamos para fora”, disse.

Ana Taíse, cuja a família tinha uma loja no edifício, contou que ontem, por volta das 19h, já em casa, recebeu um telefonema avisando sobre o desmoronamento. “Quando chegamos já estava tudo no chão”, disse, enquanto observava hoje o trabalho dos bombeiros. “Nossa família inteira trabalha na nossa loja, e estamos esperando para saber se teremos a autorização para entrar e recuperar alguma coisa ou pegar pelo menos os documentos”.

Proprietária de três salas alugadas no prédio, Adriana Demarchi estava triste, apesar de saber que seus imóveis não foram atingidos pelo desabamento parcial. “A sensação é muito triste, principalmente porque morreram pessoas. Pelo que sei não havia obra grande no prédio, apenas pintura e colocação de luzes de emergência. O edifício não tinha nem infiltrações porque é um prédio com estrutura muito boa”, disse.

De acordo com nota divulgada pela prefeitura de São Bernardo do Campo, a documentação do edifício está regularizada e em dia com a administração municipal. Segundo as informações, o projeto foi aprovado originalmente em 1972 e substituído em 1976. O visto final da obra foi expedido em 7 de junho de 1978.

"No decorrer dos últimos anos, o edifício sempre obteve os devidos licenciamentos e, atualmente, consta no processo de funcionamento das atividades ali exercidas – número 14.124/88, auto de vistoria do Corpo de Bombeiros com validade até 18 de outubro de 2012, bem como laudo técnico de segurança e estabilidade, com engenheiro responsável e anotação de responsabilidade técnica recolhida, emitido em 10 de julho de 2011, com validade até 10 de julho de 2012", diz a nota da prefeitura, que informou ainda que solicitará laudo específico das causas do desabamento parcial, e avaliará se o prédio tem ou não condições de permanecer ocupado.

 

Edição: Aécio Amado