Ministério da Justiça diz que campanha pelo desarmamento vai continuar

13/12/2011 - 17h01

Lourenço Canuto

Repórter da Agência Brasil

Brasília – A campanha pelo desarmamento no país vai continuar, disse hoje (13) o assessor da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Guilherme Leonardi, que representou o ministro José Eduardo Cardozo em audiência pública na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados. A audiência teve a presença de representantes do Ministério da Defesa, da Polícia Federal, da indústria de armas e munições e da sociedade civil.

A campanha pelo desarmamento está presente em 24 estados aonde existem 1,9 mil postos de coleta de armas. Ao entregá-las, o cidadão não precisa declarar a origem, e depois recebe remuneração, conforme o tipo da arma.

Desde o início da campanha, em 2007 foram recolhidas no país pelo menos de 35 mil armas e 140 mil munições, informou Leonardi. Ele destacou que “o atual conceito de segurança pública visa não só a repressão pelo porte indevido de armas, mas também a prevenção”.

O general Waldemar Barroso, diretor do Departamento de Fiscalização de Produtos Controlados, do Comando do Exército destacou que a parceria com a Polícia Federal é muito importante, pois a força conseguiu “aprender muito com a experiência" da parceira no trabalho conjunto que estão fazendo. Segundo ele, antes de 1997 não havia registro das armas em poder do público e de lá para cá foram apreendidas 370 mil armas, 90% delas de origem nacional.

Para o diretor do Departamento de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Douglas Saldanha, “é muito mais barato para o Estado obter resultados com a campanha pelo desarmamento do que com os custos da repressão”.

O presidente da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições, Salésio Nhus, disse que “a indústria não é contra a campanha pelo desarmamento”. Segundo ele, o cidadão tem o direito democrático de ter sua arma em casa, mas precisa estar em condições para ter o porte.

Segundo o coordenador de Controle de Armas do Movimento Viva Rio, Antônio Rangel, a munição deveria ter identificação “como acontecia na década de 1950 com os cartuchos da CBC [Companhia Brasileira de Cartuchos]”. Ele lembrou que o assassinato de uma juíza no estado do Rio de Janeiro neste ano foi desvendado com base na identificação da origem dos cartuchos utilizados para o crime, que eram provenientes de um quartel da Polícia Militar. De acordo com Rangel, as apreensões de armas têm resultado na redução de 11% dos assassinatos.

O deputado Alessandro Molon (PT-RJ), autor do requerimento que convocou a audiência pública, disse que a comissão vai trabalhar para aprovar recursos no Orçamento de 2013, destinados à criação de um banco de dados único sobre armas e munições, o que deverá facilitar a integração do trabalho do Exército, da Polícia Federal e as informações em poder da indústria de armas e munições.
 

Edição: Rivadavia Severo