Economia criativa cresce no Brasil, mas ainda é pequena em relação a outros países, diz relatório da ONU

07/11/2011 - 15h03

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil


Rio de Janeiro - A exportação de bens e serviços ligados à economia criativa no Brasil aumentou de US$ 2,4 bilhões, em 2002, para US$ 7,5 bilhões, em 2008. O volume, no entanto, ainda é inferior ao observado em outros países, como a China, que exportou em 2008 US$ 84 bilhões em bens e serviços do segmento.

A conclusão é do Relatório de Economia Criativa 2010 das Nações Unidas, que será apresentado hoje (7) no Rio de Janeiro. O documento, que traz informações sobre as atividades ligadas à economia criativa entre os anos de 2002 e 2008, foi lançado em abril em Londres e Nova York.

A chefe do Programa de Economia Criativa da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), Edna dos Santos-Duisenberg, enfatizou que, apesar do crescimento, o Brasil ainda não se encontra entre os 20 maiores produtores do setor, liderado por China, Estados Unidos e Alemanha.

A chamada economia criativa é formada pelos segmentos de bens e serviços que contam com capital intelectual, conteúdo criativo e valor cultural e comercial.

“Houve um avanço significativo no Brasil nesses anos, mas o país ainda tem posição tímida, principalmente se pensarmos em países onde essa economia é mais desenvolvida, como a China. Diante disso, a gente percebe que existe espaço para reforçarmos a economia criativa, que ainda tem potencial subutilizado no país”, disse ela.

Santos-Duisenberg destacou que o fortalecimento do setor, que envolve desde manifestações culturais (como artesanato, carnaval e festas juninas) a produtos e serviços audiovisuais (como telenovelas, propaganda e jogos eletrônicos), ajuda a promover a inclusão social de forma sustentável.

“Por meio da economia criativa é possível trabalhar com um modelo de desenvolvimento muito mais inclusivo, com impacto não só econômico, mas também social. Ela garante a inserção por meio da criação de empregos, ajuda o contexto das exportações, mas também promove nossa diversidade cultural e um desenvolvimento mais humano e sustentável”, disse.

A representante da Unctad enfatizou que a criação da Secretaria de Economia Criativa, ligada ao Ministério da Cultura, representa uma importante estratégia para incrementar o desenvolvimento do setor. Ela citou, ainda, algumas medidas que devem ser observadas para impulsionar a atividade, entre elas a ampliação do financiamento e da concessão de crédito específico a empreendedores da área; o fortalecimento das redes de formação e capacitação de jovens criativos e artistas independentes; além da garantia de infraestrutura básica, como o acesso à banda larga.

“As novas mídias e as redes sociais são fundamentais para a comercialização de diversos produtos criativos, como música, filmes e jogos eletrônicos. É fundamental que os governos compreendam que política voltada à economia criativa não é só política cultural, mas uma série de medidas que estimule o trabalho dessas pessoas, que deve ser enxergado como uma importante contribuição à atividade econômica do país”.

A chefe do Programa de Economia Criativa da Unctad disse, ainda, que o Brasil deve aproveitar os eventos esportivos que irá sediar nos próximos anos para impulsionar sua economia criativa. “Precisamos vincular toda a estratégia da economia criativa com os preparativos para os eventos esportivos, porque vamos ter um número grande de turistas aqui. A arte e a cultura terão um papel predominante nesse período, por meio do trabalho de empreendedores criativos, capazes de transformar suas ideias em produtos e serviços que podem ser vendidos nos mercados nacional e internacional”, ressaltou.

Santos-Duisenberg lembrou o potencial mundial do setor, “um dos mais dinâmicos do comércio internacional”, ao enfatizar que, segundo o relatório, “enquanto o comércio global em 2008 sofreu uma queda de 12%, influenciado pela crise financeira internacional, as exportações de produtos criativos continuaram aumentando, tendo registrado taxa de crescimento médio anual de 14% em seis anos”.

Edição: Vinicius Doria